Porto-poema: encontro de música e poesia antes e depois da pandemia

“Minha vida é o porto da saudade” Paulo César Pinheiro

O inesperado acendeu a canção “Porto-poema”, que nasceu com outro nome, e andamento diferente. O mundo estava sob uma pandemia quando o jornalista e poeta Raphael Vidigal recebeu do músico e habilidoso instrumentista Marcos Frederico uma melodia para colocar letra. Diante daquele cenário de desolação e medo veio à luz uma canção que exprimia aqueles sentimentos. A gestação durou cerca de dois anos e, nesse processo, todos sofreram transformações.

Tanto os compositores quanto a própria cria. “Porto-poema” custou a encontrar o seu novo batismo. O verso que a intitulou foi um dos últimos a vir à vida. A melodia também se modificou plenamente, agora impulsionada por um esperançar dos novos tempos, de uma nova estrela a brilhar no horizonte. De Belo Horizonte, Marcos Frederico e Raphael Vidigal possuem trajetórias distintas, embora igualmente guiadas pela arte, e agora se encontraram oficialmente pela primeira vez em uma parceria musical.

Com uma dezena de discos no currículo, Marcos Frederico estreou no mercado fonográfico com o instrumental “Sinuca Tropical”, de 2007, unindo influências do choro, do samba e da MPB. Seu mais recente álbum, “Marculelê”, foi lançado em 2020.Sensível e espirituoso ao mesmo tempo, unindo afetividade e irreverência, Marcos também é um dos maiores vencedores do Concurso de Marchinhas Mestre Jonas, com canções que não dispensam a graça e muito menos a agudeza do deboche.

Seu instrumento de trabalho mais frequente, o bandolim é apenas um dos instrumentos que ele desfila pelas ruas, avenidas e estúdios de Belo Horizonte. Entre seus parceiros ilustres, destacam-se Aline Calixto, Flávio Henrique, Chico Amaral, Murilo Antunes, Thiago Delegado, Edu Krieger, Brisa Marques, e etc. Raphael Vidigal iniciou a carreira jornalística como repórter de Cultura no jornal Hoje em Dia, em 2010. Antes, já havia colaborado com o programa “A Hora do Coroa”, comandado por Acir Antão na Itatiaia, com pesquisas musicais.

Trabalhou ainda no O Tempo, de 2017 a 2020, e manteve uma parceria com o portal UAI, através do blog Esquina Musical, que mantém desde 2012. Em 2016, produziu o disco de chorinhos “Waldir Silva em Letra & Música”, no qual colocou letra em 12 melodias do homenageado. Também participou do Concurso de Marchinhas Mestre Jonas e, em 2020, colocou na praça o samba “Tempo da Estiagem”, interpretado pela cantora Deh Mussulini. Em 2021, iniciou parceria com Ed Nasque em “Arco-íris” com participação de Luisa Doné.

“Porto-poema” segue uma trilha conhecida na música brasileira, mas com características próprias. É um samba que bebe na fonte das parcerias célebres de Toquinho e Vinicius de Moraes, com um toque da poesia simbolista que abre possibilidades de horizonte em cada palavra, em cada nota. Um porto ancorado em versos e acordes. Um poema que liberta as palavras e as notas…
Esse samba em parceria de Marcos Frederico e Raphael Vidigal será lançado no próximo dia 7 de junho, abarcando todas as plataformas digitais.

Ficha técnica
Composição: Marcos Frederico e Raphael Vidigal
Voz/violão/bandolim: Marcos Frederico
Voz: Giselle Couto
Violão de sete cordas/cavaquinho: Gustavo Monteiro
Percussão: Robson Batata
Mixagem e masterização: Marcelinho Guerra
Gravada no estúdio Steroutono em janeiro de 2023
Foto da capa do compacto para divulgação: Marcos Frederico

Porto-poema
(Marcos Frederico & Raphael Vidigal)

Apanhei céu e mar
Pus no bolso um olhar
Te guardei sem chorar
E saí de veneta
A manhã renasceu
Nosso amor acendeu
Eu só quero cantar
Com você na retina
E na beira do mundo
Descobri que o destino
Nos carrega sem rumo
Ao mar
Velejei nas estrelas
Você, porto-poema…
Hoje a vida me dá
Bem mais
(Bis)

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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