“Falávamos em índios, e ela me perguntou se era verdade que eles andavam completamente nus, mesmo em plena cidade, em meio aos civilizados. Disse-lhe que sim, acrescentando que no Brasil era comum os próprios civilizados andarem nus – os pobres por falta de roupa, os ricos por excesso de calor. A inglesinha fez uns olhos enormes e ficou absolutamente deslumbrada.” Fernando Sabino
Em suma, a abertura olímpica, que é festa e é celebração, atendeu ao aspecto dionisíaco e antropofágico do país. O interino não recebeu mais vaias porque não lhe deram tempo nem para recitar um haicai do próprio punho. Interessante notar que nenhuma delegação exibiu tamanha diversidade de fisionomias quanto a brasileira, nem mesmo a potência norte-americana, ressaltando o atributo da miscigenação como a característica fundamental do Brasil. Até o momento o melhor golpe foi o desferido por Rafaela Silva, que conquistou o primeiro ouro brasileiro em 2016. Duro golpe é o que vem recebendo também a presidenta afastada Dilma Rousseff, agora no Senado.
Já a Seleção de Futebol Masculino parece finalmente ter engrenado. Ao contrário da Feminina que desde o princípio exibiu os dotes que levaram torcedores e órgãos de imprensa a comparar, por pirraça, Neymar com Marta, exaltando, obviamente, as qualidades da craque mais de uma vez eleita a Melhor do Mundo. Entre uma piscina verde aqui e um entrevero com a delegação australiana acolá, a peleja segue. Historicamente, é difícil que haja alguém mais frustrado por não participar da abertura do evento do que Lula, a figura mais envolvida no processo de trazer uma Olimpíada pela primeira vez para a América do Sul, em seu projeto um tanto ou quanto megalomaníaco…
Raphael Vidigal
Fotos: Divulgação; e Marcelo Theobald, respectivamente.