“Quando caminha, seu pequeno corpo intuitivamente reconstrói o tempo à sua volta, ciente apossa-se da sua quadra no mundo.” Luiz Ruffato
No seu tempo subir ao ataque e descer à defesa era impossível. No seu tempo o Brasil erguer uma taça soava a um plano risível. Afinal o cachorro vira-lata ainda rosnava de medo, defendendo-se ante a ameaça, pela lembrança do fatídico dia, o inesquecível Maracanã de 1950. No seu tempo vestir uma só camisa, do mesmo clube, com uma única estrela no peito, era, até certo modo, concebível.
Mas não da maneira como o fez, não pela lateral esquerda, nem com tamanha categoria. Isto, somente aquele sujeito, de bigode fino, hábil e inteligente, a dar dois passos à risca da pequena área para depois dois acima: e levantar o caneco. Para que não o desmentissem, afinal jogava contra o tempo, juntou uma a uma todas as lembranças numa enciclopédia, apelido pelo qual ficaria conhecido.
Sobre a cabeça de Nilton uma bola quica, escorrega aos pés, e encantada se entrega àquele par. Nilton Santos não para de jogar, o lateral que desafiou o tempo pega emprestada a frase do hino do Botafogo, da autoria de Lamartine Babo: “Não podes perder pra ninguém”. Nem para o tempo, pois no seu tempo o tempo, mera questão de destino, não existia, ele o elaborava: com as letras de todas as artes do futebol, ciências do ser humano e cortesias ao vacilante tempo.
CARREIRA
1948 a 1964 – Botafogo de Futebol e Regatas (RJ)
1949 a 1962 – Seleção Brasileira de Futebol (Bi-Campeão do Mundo)
Raphael Vidigal
Crédito das fotos: Acervo.
11 Comentários
Excelente texto, sobre Nilton Santos, um registro e uma homenagem mais que merecida.
muito bom!!!
bacana demais. o video é um belo achado!
legal!
Gostei do que escreveu sobre o Nilton Santos
Muito bom o texto cara
Gosto dos jogos de palavra que você sempre fez hahahahahahaha
era um atleta que marcou sua geração.
Grande, Imenso Nilton
Um exemplo de vida para todos os que vivem como atletas de futebol!
Nilton inventou até o Garrincha, rs… Grande!
Djalma Santos e Nilton Santos, irmãos da bola
Um heroi da copa do mundo.
Saiu do Flecheira F. C. (ilha do governador) e veio direto para o Botafogo. Quando chamava a linha de trás de zaga ele formava dupla com o Gerson (mineiro) e foi campeão em 1948, pela primeira vez. Em 1950 foi reserva do vascaíno Augusto, daí até 1962 ou 1966 não deixou mais de ser convocado. Era a Enciclopédia sim. Naquele lugar (dele) vi brilhar o Junior (FLA), Marinho Chagas (Botafogo) e uns poucos outros.