Em meio a suspeitas e confirmações de fraude em universidades particulares de todo o Brasil, a UnB – federal de Brasília, saiu-se com uma maior. Incluiu o hit da dupla Munhoz & Mariano, “Camaro Amarelo”, na primeira etapa do PAS (Programa de Avaliação Seriada), alternativa ao modelo único de vestibular. A medida, além de causar estupefação, acendeu outras questões.
É nítida a distância que o mundo acadêmico, em especial das universidades públicas, mantém da população, do que é tido como uma vida prática mais banal e intransigente. Essa notícia, portanto, vai de encontro a certo anseio de aproximação entre o universo da teoria e o que de fato aflige a atual geração. Indiferentemente a preconceitos e gostos.
Além da canção “Camaro Amarelo”, o clássico sertanejo “Cuitelinho”, em versão imortalizada pela dupla Pena Branca & Xavantinho, também serviu à arguição. Considero este fato notável e digno de aplauso. A canção popular está inserida no que de mais rico se produziu em termos de cultura espontânea e arte reconhecida neste país.
A dupla Munhoz & Mariano tem uma enorme vantagem em relação às demais alicerçadas ao rótulo do “sertanejo universitário”. Não se leva a sério. “Camaro Amarelo” apresenta uma letra cômica, coreografia idem, e debocha de um valor que encontra identidade nos papos de jovens em dias de prestar o vestibular: É preciso escolher um curso que lhes dê dinheiro, para namorar polpudamente.
O dinheiro, claro, denota poder, ascendência sobre os demais, e atrairá, por esses motivos, a admiração e postular conquista. O Brasil ainda é um país onde o machismo impera, de maneira trôpega, por sobre os saltos das madames. Algumas mulheres contribuem sobremaneira na legitimação de que a imponência de um homem senta-se sobre as rodas alarmantes de um carro.
Raphael Vidigal
1 Comentário
Raphael que prazer ler um artigo tao bem escrito …muito orgulho e voce ter sido meu aluno e escolhido uma profissao tao linda …minha filha tambem faz jornalismo e adorou sua coluna no jornal …parabens e sucesso