Jorge Veiga, o Caricaturista do Samba, nasceu no dia 14 de abril de 1910, no subúrbio do Engenho de Dentro, Rio de Janeiro, e faleceu no dia 29 de junho de 1979. O cantor se tornou famoso por interpretar com voz fanhosa e sorriso fácil, sambas de breque, anedóticos e malandros, que o tornaram a mais perfeita tradução do malandro carioca metido a grã-fino da década de 50.
“Doutor de anedota e de champanhota
Estou acontecendo no Café Soçaite
Só digo a chanté
Muito merci all right
Troquei a luz do dia pela luz da light”
Jorge sempre se apresentava no rádio e na TV trajando um elegante smoking, e abria suas apresentações na Rádio Nacional com os dizeres: “Alô, alô, aviadores que cruzam os céus do Brasil. Aqui fala Jorge Veiga pela Rádio Nacional. Queiram dar os seus prefixos para a guia de nossas aeronaves.” Com bom humor característico e voz marcante, puxada pelo forte sotaque carioca, Jorge Veiga é eterno como um dos grandes malandros do samba, aquele que foi de pintor de paredes a artista de circo, parceiro de Cyro Monteiro e pupilo de Paulo Gracindo, que lhe deu o apelido pelo qual ficaria conhecido em todo o Brasil.
“Moço, olha o vexame
O ambiente exige respeito
Pelos estatutos da nossa gafieira
Dance a noite inteira, mas dance direito”
O Caricaturista do Samba, que deu voz à expressão “eu quero é rosetar”, em samba de autoria de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, permanece desenhando os tipos que freqüentam os Cafés Soçaites, escrevem os Estatutos da Gafieira e vão aos cinemas com suas Iracemas. Jorge Veiga merece um salve, regado a Dolores, champanhotas e Teresas, pois o bom malandro terá sempre voz na música brasileira.
Raphael Vidigal
Lido na Rádio Itatiaia por Acir Antão dia 15/04/2012.
7 Comentários
Bom, muito bom!!!
Tenho aprendido muito no seu site.
Beijos…
Parabéns e obrigada pelo seu trabalho em divulgar nossos nomes da Arte, da Música, da Cultura, Raphael. Abraços!
Não a toa Jorge Veiga era chamado de O Caricaturista do samba. Suas músicas eram sempre cheias de críticas e humor.
Obrigado a todos que comentaram! Abraços
Um mestre de verdade, esse Jorge. Com sua voz e sua divisão rítmica, não tem pra ninguém. Sou fã 1!
“Um bom sujeito, mas do tipo que não levava desaforo para casa. Inclusive, cohecia capoeira. Curiosamente, foi uma briga nossa, no Rio, que nos tornou grandes amigos. Foi lá por 1965 [n.e. Um ano depois do último sucesso de Jorge Veiga, “Bigorrilho”], num estúdio de televisão. Eu cheguei primeiro e queria ensaiar primeiro. Aí, apareceu o Jorge Veiga e quis passar na minha frente porque estava com pressa. Gritou comigo: ‘Você está ainda cheirando leite e já quer ensaiar primeiro que os mais velhos’. E pegou uma cadeira para me jogar. Peguei uma também e a coisa ia ficando preta, quando Moreira da Silva entrou no meio e nos separou. Notei, naquele dia que Jorge Veiga tinha um grande respeito – além de uma grande admiração – por Moreira da Silva.”
Alô! Alô! não visita esses terreiros, não desenlaça os nós entre Jorge, Moreira e Germano, e não elege o gatilho mais rápido. Alô! Alô! é um bom tiro de largada para se conhecer as cores e o humor que o samba ainda pode cantar.’
Puro charme!