Irreverente, compositor Carlos Careqa gravou música infantil com palavrão

*por Raphael Vidigal Aroeira

“Que curioso é o homem: para nascer não pede, viver não sabe, morrer não quer…” provérbio chinês

Uma ideia inusitada que só poderia ter saído da cabeça de Carlos Careqa: um disco de “música infantil para adultos”, recheado de palavrões. “Palavrão” foi lançado em 2014 com esse subtítulo, graças ao apoio de uma rede de colaboradores que participaram de um financiamento coletivo na internet.

Aniversário. Nesta terça (3), Carlos Careqa completa 60 anos como um dos mais inventivos e controversos artistas da música brasileira, associado a nomes da Vanguarda Paulista como Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção, Cida Moreira e Tetê Espíndola, que participaram de seu disco de estreia, “Os Homens São Todos Iguais”, de 1993.

Na música “Não Sou Filho de Ninguém”, de 2004, ele afirma: “Acho que sou filho da puta com pai virgem”, e tira uma onda com Chico Buarque, Zizi Possi, Reginaldo Rossi, Chitãozinho & Xororó, Gilberto Gil e Abílio Diniz, além de citar o ex-presidente Lula e as Sheilas do grupo É O Tchan.

Bahia. Com o segundo disco, “Música de Final de Século”, de 1999, Careqa emplacou uma música na novela “Anjo Mau”, da TV Globo. “Ser Igual É Legal” foi regravada por Vânia Abreu, irmã de Daniela Mercury. Com isto, o leque de artistas que se aproximou da música de Careqa se ampliou. Além da própria Daniela, que gravou “Seio da Bahia” com a irmã, Letícia Sabatella, Mônica Salmaso e Chico Buarque deram voz a composições de Careqa.

Roubo. Chico Buarque e Carlos Careqa travam uma amizade de longa data. Chico cantou “Minha Música” no disco “Alma Boa de Lugar Nenhum”, lançado por Careqa em 2011. No mesmo ano, Chico admitiu a amigos que “Rubato”, parceria com Jorge Helder, foi inspirada em “Minha Música”.

Na sequência, Careqa respondeu com “Ladro”, e manteve o diálogo das canções que falam, justamente, sobre músicas roubadas. “Aurora, eu fiz agora/ Venha, Aurora, ouvir agora/ A nossa música/ Depressa, antes que um outro compositor/ Me roube e toque e troque as notas no Song book/ E estrague tudo e exponha na televisão”, canta Chico em “Rubato”.

Trajetória. Nascido em Lauro Muller, no interior de Santa Catarina, Carlos Careqa morou em Curitiba, Berlim e Genebra, onde iniciou a carreira, até se fixar em São Paulo. Ator, cantor e compositor, ele participou de filmes como “Bicho de Sete Cabeças”, de Laís Bodanzky, e “Canção de Baal”, de Helena Ignez, quando ganhou o papel do físico Albert Einstein por sugestão de Arrigo Barnabé. Em 2015, lançou “Por um Pouco de Veneno”, disco em homenagem a Tom Waits, e, em 2020, colocou na praça “Primeiros Anos”, o seu trabalho mais recente.

Publicado originalmente no portal da Rádio Itatiaia, em 2021.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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