Humor: Dicró

Melô da galinha

Pilantra, sem vergonha, malandro, filho de mãe de santo, o que mais pode ser? No país da cachaça, do samba e do futebol? Só poderia ser Prefeito. Mas opa, um instante, um minuto, peraí, calma, devagar com o andor que o santo é de barro, e muito bem enfeitado. Uma característica não bate, ou quase.

Defensor do povo, mas com um detalhe importantíssimo, sem demagogia, sincero, espontâneo, esbarrando nos rabos de saia das madames, claro, com todo o respeito, apreciando sempre a beleza de um bom prazer.

“Domingo de sol
Adivinha pra onde nós vamos
Aluguei um caminhão
Vou levar a família na praia de Ramos”

Carlos Roberto de Oliveira é nome de gente bem, empostada, e tal, por isso fez-se necessário uma alcunha mais aprazível a seu corpo roliço e bem servido às delícias da vida, paixões como o Vasco da Gama, a mulher brasileira e a sogra, caminhando ao lado dos comparsas Bezerra e Moreira da Silva, em concerto ou desconcertado.

Dicró, nada mais apropriado, vindo de uma sonora sigla que se confunde e cria nova bandeira da população menos favorecida e abastada do subúrbio, da praia de Ramos, esta sim, casa com tapete de areia na porta para o povão deitar e rolar em meio à farofa, petiscos, cerveja e muita honra, orgulho de ser indisfarçado.

“Já disse, não adianta você vir me explicar
Porque eu já conheço muito bem a sua manha
Quando não lhe chamam de galinha chamam de piranha (piraaanhaa….)”

Dicró era um brincalhão, mas muito sério na perspectiva de distribuir maus modos contra a pasteurização de uma sociedade maquiada, empertigada, despida de senso de ironia, bom humor, escracho, avacalhando a corte da grã-finalha.

Por isso a gargalhada era usada como mola propulsora, e a música, mera coadjuvante de um cenário onde importava rir primeiro para depois batucar algum som que combinasse com o que se dizia. Afinal é muito fácil arrumar par para a alegria, todos queremos ser felizes, e de uma forma ou de outra, Dicró deu mais riso e menos azia ao povo.

“Vou fazer um bingo
Lá na casa da vovó
O prêmio é minha sogra
Sai numa pedra só
Quem ganhou tem que levar
Leva essa droga pra lá”

Sambista brasileiro

Raphael Vidigal

Compartilhe

Facebook
Twitter
WhatsApp
LinkedIn
Email

Comentários pelo Facebook

6 Comentários

  • comentário dele…vou dar uma cama redonda para a minha sogra, e perguntaram pq? porque jararaca dorme enrolada…

    Resposta
  • Pooo veiii! Eu gostava do Dicro….lembro de suas sabias palavras: ” se eu fui pobre um dia, eu n me lembro…”

    Resposta
  • Obrigado a todos que comentaram. Dicró vai fazer muita falta! Voltem sempre. Abraços

    Resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Recebas as notícias da Esquina Musical direto no e-mail.

Preencha seu e-mail:

Publicidade

Quem sou eu


Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

Categorias

Já Curtiu ?

Siga no Instagram

Amor de morte entre duas vidas

Publicidade

[xyz-ips snippet="facecometarios"]