Crítica: Não foi o coração do Galo nem o Deus da Raposa

“Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos” Nelson Rodrigues

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Cruzeiro e Atlético conquistaram os dois títulos mais importantes do país na temporada 2014. As equipes mineiras dominaram, assim, o cenário nacional, já que fora do âmbito doméstico o ano não foi de protagonismo, com o vexame da Seleção Brasileira na Copa do Mundo em seus próprios domínios, ao sofrer goleada de 7 a 1 para a campeã Alemanha na semifinal, e a perda da Taça Libertadores da América para os argentinos do San Lorenzo e da Copa Sul-Americana, com a eliminação do São Paulo para os colombianos do Atlético Nacional. Logo, é bom desde o princípio localizar bem as duas conquistas, longe de desmerecê-las, mas houve também fracassos dos campeões.

Cruzeiro e Atlético não foram capazes de se colocarem como os melhores do continente, mas deixaram claro para quem quiser ver que no Brasil, no momento, não há páreo. No entanto, é bom prestar atenção ao discurso dos vitoriosos, e contestá-los. Não é verdade que foi o coração do Galo e o Deus da Raposa o preponderante para vencer os adversários. O que não impede de constatar características históricas das agremiações com as quais é possível se identificar e que as mascotes representam tão bem. O Galo de briga, de rinha, de raça prima pelo esforço, pela superação. A Raposa é hábil, inteligente, prima pelo talento e criatividade.

Apesar disso tudo o jogador capaz de decidir os jogos pelo Atlético não é um poço de suor e lágrimas, é antes disso um talento em estado puro: Diego Tardelli. E também há no lado cruzeirense atletas que se dedicam e colocam a vontade em primeiro plano, como o volante Henrique e o zagueiro Dedé. Mas o que resolveu a parada, para os dois lados, não foi Deus nem o coração, e sim as pernas. O Atlético não teve chances de brigar pelo título na competição que o Cruzeiro priorizou. E o Cruzeiro não teve chances de brigar pelo título na competição que os atleticanos priorizaram. Ambas pelo mesmo motivo: faltaram pernas para o adversário e sobrou para o outro: na questão física, mental e de habilidade.

Assim, não é preciso uma autópsia para provar que a Raposa tem coração, nem que os jogadores do Galo ajoelhem no milho para se ter certeza de que ali não há nenhum ateu.

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Raphael Vidigal

Imagens: charges de Mario Alberto.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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