Crítica: exposição “Formas do Moderno” organiza síntese do movimento

“… e parecem ignorar que poesia é tudo: jogo, raiva, geometria, assombro, maldição e pesadelo, mas nunca cartola, diploma e beca.” Oswald de Andrade

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Com o intento de sintetizar o que foi a “Semana de Arte Moderna de 1922” e seus desdobramentos para a cultura brasileira, caracterizados pelo que se convencionou chamar “Modernismo”, a exposição “Formas do Moderno”, em cartaz na Casa Fiat de Cultura de Belo Horizonte até o próximo dia 8 de maio, com entrada gratuita, alcança seu objetivo. Curta, a mostra dá conta dos principais pilares e elucidações mais caras aos artistas, o que é possível se constatar, por exemplo, na utilização das cores por Flávio de Carvalho e Cícero Dias, das formas por Hélio Oiticica e Bruno Giorgi e do motivo em Lasar Segall, Cândido Portinari, Di Cavalcanti, Alberto da Veiga Guignard, José Pancetti e muitos outros, dentre eles a reconhecida Tarsila do Amaral, cujas obras só aparecem em vídeo, esse o principal deslize da curadoria, a cargo de Valéria Piccoli, com quadros e esculturas da coleção que pertence à Fundação Edson Queiroz. O prospecto da exibição, diminuto em informações e impresso em apenas uma folha, também deixa a desejar.

Entende-se por motivo a exaltação às raízes nacionais, uma miscelânea e confluência de gêneros, influências e interesses que não poderia gerar outro cenário que não a policromia. Por isso são exuberantes e utilizados à exaustão o vermelho, o verde, o rosa, o amarelo, o azul, e etc., quase sempre ao mesmo tempo, na tentativa de capturar o espírito e a sensação que emana do povo, inclusive em suas dores e misérias, como se observa na pintura “Colhedora de Batatas”, de Portinari, e seus pares, mas nunca sob o olhar da complacência, ao contrário, exalta-se a admiração. Mais radical, o trabalho das formas, tratado, sobretudo, por Alberto Volpi e Hélio Oiticica verte-se para objetos geométricos, mas maleáveis, passíveis de mudança e contrários à imobilização. Movimento também observado nas esculturas de Victor Brecheret. E o motivo é a nação brasileira, suas lavadeiras, escravos, balões juninos e as namoradeiras de janelas; todos, forma, cores e histórias a par da diversidade e de nossa formadora miscigenação.

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Raphael Vidigal

Pinturas: “Mulata com Flores”, de Di Cavalcanti; e “Bananal”, de Lasar Segall, respectivamente.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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