Uma reflexão sobre os valores imprimidos no sucesso nacional de bilheteria
Diariamente jovens são presos no Morro e estampam a capa de jornais por posse de drogas ou crimes mais ilegais. Morro geográfico, conhecido como favela ou aglomerado, e morro que dá nome à causa.
Jovens que por vezes são estudantes de classe média a alta, cursam Odontologia, outros Gestão Ambiental, e talvez estivessem fazendo alguma pesquisa para a faculdade ligada ás ervas provenientes do seio da Mãe Natureza. Capturados pela Polícia prestam depoimento e são liberados.
E aí a sociedade se indigna, e pergunta, onde está a justiça desse país?
Sob a voga da grife Tropa de Elite concebe que tais marginaizinhos, escória da sociedade, aliados do tráfico, merecem, no mínimo, ter os rostos esfregados contra o sangue, os corpos surrados e torturados, enfim, aprendam com a única didática que ainda funciona: a da colher de pau! Ou, mais sofisticadamente: justiça com as próprias mãos.
A exemplo dos heróis da Marvel, Capitão Nascimento, El Justiciero (tcha tcha tcha, como diriam Os Mutantes) das telonas veio ao mundo para cumprir uma sina messiânica e fazer nascer de novo os “cidadão meliante”, honrando seu sobrenome.
Clamando por paz, debaixo do céu e da terra, El gran ídolo da garotada já faz seus primeiros discípulos, intolerantes e despreparados.
O menino João Roberto, de 3 anos, foi assassinado hoje (dia em que saiu a absolvição dos policiais que o mataram) e sempre, mais uma vez. Os problemas da violência brasileira são mais complexos, incluem acesso e educação.
Raphael Vidigal
4 Comentários
Com certeza, utilizando de um jargão popular, podemos falar que “o buraco é mais embaixo!”. Esse filme tem um roteiro provocativo, que leva ou deveria levar a certas reflexões, mas que grande parte da sociedade não percebeu, mas o Capitão Nascimento é uma figura que protesta e carrega valores enormes. O modo de trabalho e algumas atitudes dele muitas vezes são exageradas, mas ele deixa claro que a responsabilidade do que acontece no morro é de maior culpa da sociedade corrupta, da sociedade que até mesmo quando honesta só pensa no proprio interesse direto(porque se pensasse melhor perceberia que não adianta ter beneficios diretos e ficar vulneravel a tantas desgraças que podem acontecer com voce). Eu gosto muito do filme, mas ainda tenho uma preferencia pelo segundo filme que mostra uma parte mais relacionada a politica e administração dos poderosos.
Um dos meus filmes favoritos. Mostra a visão da direita, e dialoga com uma gigantesca maioria do público brasileiro que deseja ver a criminalidade ser resolvida na bala. O Capitão Nascimento virou um herói nacional, se você ousar questionar os seus métodos, será taxado de maconheiro ou o que é pior, de adepto aos “direitos humanos”. Na continuação, José Padilha mostra mais uma vez todo o seu talento, e revela que existe um lado contrário a esse, porém, o narrador da obra continua sendo o homem da direita. Se não fosse por aqueles minutos finais deprimentes, o segundo filme seria ainda melhor que o primeiro. Com toda certeza, Tropa de Elite é um trabalho muito rico e que deve ser discutido a fundo. O filme é muito mais que vários jargões!!
A realidade realmente é muito triste.
Ótimo texto, PH!
Obrigado a todos por alimentarem discussão saudável e de alto nível. Abraços