“Hoje tem marmelada? Tem, sim senhor!
Hoje tem goiabada? Tem, sim senhor!
E o palhaço, o que é? É ladrão de mulher!” Bide e Paulo Barbosa
A origem da palavra palhaço vem de seu radical “palha”. Isso porque, na Itália, era dela que se constituía a roupa do palhaço. Em inglês, o termo é associado a camponeses e a seu meio rústico. De uma forma ou de outra o palhaço é ligado à simplicidade, e o sentimento que desperta não poderia ser menos complexo: alegria. Daí por que a infância seja a morada do palhaço. No Brasil, Carequinha, vivido por George Savalla, foi sinônimo de alegria para 7 gerações distintas, e reacendeu em adultos a inocência da infância, além de exacerbar essa formação nas crianças.
Carequinha foi um palhaço tradicional, que teve tempo de nascer no circo e ali se consagrar. Filho de uma trapezista e um acrobata que largou a batina por amor à mãe, órfão do pai aos dois anos, Carequinha foi criado pelo padrasto, que assim o rebatizou quando tinha cinco anos, ao colocar-lhe uma peruca sem cabelos na cabeça. Esta o acompanhou pelo resto da vida. Múltiplo, foi também conhecido pelo pioneirismo, e afirmava ter modificado a visão clássica da personagem. “Fiz do palhaço um herói, e não um bobo que só leva farinha na cara. Modifiquei o estilo. A intenção era fazer do palhaço ídolo e não mártir”.
Além de apresentar programas infantis na TV Tupi, Rio e Manchete, e de ter participado da “Escolinha do Professor Raimundo” na Rede Globo, Carequinha conciliou a canção às atividades circenses. Como intérprete e compositor inspirado foi de marchinhas debochadas e histriônicas a reflexões seresteiras sobre a “Alma de Palhaço”. Com o poder de assimilação da música aceitou o desafio de gravar a provocativa “Fanzoca do rádio”, de Miguel Gustavo, recusada por muitos cantores à época, e presenteou as crianças com um repertório que era divertido sem lhes subestimar a perspicácia.
Nas décadas de 1950 e 1960 o palhaço também foi atração do cinema brasileiro. Ao final da vida George Savalla já havia desaparecido por trás do nariz de palhaço, conhecido como “a menor máscara do mundo”, e que no caso do artista era feito, no início da trajetória, com chiclete mastigado de hortelã, “porque o de tutti-frutti não dava liga”, explicava. Carequinha compreendeu que o palhaço, mais que uma alegoria, carrega a esperança do destino humano, e o fez tão bem que é impossível imaginá-lo sem os trajes desproporcionais, coloridos, tão inocentes como uma vasta alegria.
Raphael Vidigal
Fotos: Arquivo.
1 Comentário
SENHORES:
O PALHAÇO CAREQUINHA FOI CONSIDERADO O MAIOR PALHAÇO DO MUNDO POR TODO O PERFIL QUE SEMPRE PREENCHEU O SEU DESEMPENHO E VALOR ARTÍSTICO. CONSIDERO UMA VERGONHA NACIONAL PARA A NOSSA CULTURA, DESRESPEITO COM A MEMÓRIA DO ARTISTA E COM A CRIANÇA DE ATÉ CINCO ANOS, QUE O CAREQUINHA NÃO TENHA TODA SUA DISCOGRAFIA EM CD, BEM COMO SUA FIGURA ATRAVÉS DO CIRCO DO CAREQUINHA DA TV TUPI, ACREDITO QUE HAJAM RÉPLICAS DE FILMES E NA TV MANCHETE NÃO ESTAR PRESENTE NOS CANAIS ALTERNATIVOS, APENAS NA ESCOLINHA DO PROFESSOR RAIMUNDO QUE NÃO DEIXA DE SER EM HOMENAGEM.
É BOM SABER QUE A FOTO DE ROBERTO CARLOS EM 1958 FOI TIRADA TENDO O PÚBLICO DO CIRCO DO CAREQUINHA EM FUNDO TENDO O RC ADENTRADO AO PALCO SEM ESTAR PROGRAMADO.
NA TV MANCHETE, SERVIU PARA A INTRODUÇÃO DA XUXA EM PROGRAMAÇÕES INFANTIS E TRAMPOLIM PARA A DISCOGRAFIA.
PORTANTO, CITEI DOIS QUE ESTÃO COM O BOI NA SOMBRA.
ACREDITO QUE PODEMOS RECUPERAR A CULTURA.
AQUI FALOU LUCIANO LOPEZ, VERDADEIRO AUTOR DE TENTE OUTRA VEZ COM RAUL SEIXAS, MAIS DETALHES ACESSANDO YOU TUBE:
LUCIANO LOPEZ DEDILHANDO