Análise: 90 anos de Marilyn Monroe, a força da beleza

*por Raphael Vidigal

“embora não confie em ninguém, não muito, ela se esforça feito um estivador para agradar a todos, ela quer fazer de cada um de nós seu protetor afetuoso, e consequentemente nós, a plateia, e seus conhecidos, ficamos presumidos, compassivos e excitados.” Truman Capote

Marilyn é sempre Marilyn, ou seja, a personagem de si mesma, afinal de contas a própria alcunha artística foi uma criação para Norma Jeane. Nem é preciso dizer seu segundo nome para que se identifique a responsável por cenas memoráveis e inesquecíveis da sétima arte, especialmente quando soltava a voz. Subjugada a papéis que a relegavam ao protótipo da sensualidade desfeita de outras qualidades, é inegável que, para além do talento notório na arte de cantar, Monroe não descartava o domínio de seus atributos.

É dispensável binóculo para reparar que Marilyn desenha as palavras com seus lábios carnudos, e que se movimenta em leves quebrares. Sempre afetada na frente das câmeras, atuando em filmes cujo apelo popular já seria forte sem sua presença por gênero e conteúdo, a artista erigiu uma imagem pública pautada no excesso, na exuberância, no modelo perfeito de beleza e vaidade.

Essa força, porém, seria a mesma a abalá-la em sua vida privada, e aqui é possível comparar e traçar um paralelo entre a força dessa beleza e os mares, capazes de causar fascínio, espanto, harmonia, caos e também a destruição. Foi a força da beleza que levou Marilyn ao apogeu e à ruína. Aprisionada por sua personagem não teve ferramentas para desprender-se da vulgaridade dos que a olhavam e lhe exigiam apenas como uma imagem.

Marilyn participou de filmes em que é possível pinçar qualidades, alguns até notáveis, mas que são hoje impossíveis de serem avaliados longe da ótica do tempo e dos preconceitos ali fortemente arraigados. São exemplos disto “Como Agarrar um Milionário”, “Os Homens Preferem as Loiras”, “Quanto Mais Quente Melhor”, “Torrentes de Paixão”, “O Pecado Mora ao Lado”, que registrou a famosa cena do vestido levitado da musa, entre inúmeros outros. Encanto para Andy Warhol e John F. Kennedy, Monroe se afogou na força da própria beleza, eternamente conservada num corpo de 36 anos e na etérea memória das águas.

Marilyn-Monroe-Atriz

Fotos: Divulgação e Arquivo.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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