“A máquina acossa os jovens: os tranca, tortura, mata. Eles são a prova viva de sua impotência. Os expulsa: os vende, carne humana, braços baratos, ao estrangeiro. A máquina, estéril, odeia tudo que cresce e se move. Só é capaz de multiplicar as prisões e os cemitérios. Não pode produzir outra coisa que presos e cadáveres, espiões e policiais, mendigos e desterrados. Ser jovem é um delito. A realidade comete esse delito todos os dias, na hora da alvorada; e também a História, que cada manhã nasce de novo. Por isso a realidade e a História estão proibidas.” Eduardo Galeano
Tudo começou em 2001, com o propósito de tocar o mais alto e veloz possível, tendo como principais influências as bandas de punk rock e hardcore do Brasil, da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos. Desde sempre, as temáticas das letras do DOPS Banda de Protesto tinham como fonte a realidade caótica brasileira e da América do Sul, com seus esqueletos autoritários, ditadores de pijama e charlatões da fé. Livros, filmes e documentários ajudaram na construção do lirismo, despejado em palavras, sílabas e versos rápidos, lançados em uma métrica que se mistura com os compassos da bateria acelerada.
Antes de soltar um novo álbum, em 2021, calcado em críticas de cunho político-social, tendo como mote o contexto nacional de 2013 a 2020, e que vai celebrar duas décadas de carreira, a banda disponibilizará nas plataformas digitais o EP “Tocando Hardcore”, no dia 13 de novembro (uma sexta-feira 13). Trata-se de uma compilação de composições do grupo que esboça a realidade da década de 2000. Acompanhado de quatro videoclipes, sendo dois deles em parceria com o Motim Underground, canal dedicado à música underground, o EP busca revisitar registros de outrora em um formato mais atual.
“Tocando Hardcore” é o quarto lançamento da discografia da banda. Antes, o DOPS havia lançado a demo “Pau-de-Arara” (2002), a compilação “BH Caos” (2013) e o primeiro full-length, “Banda de Protesto” (2014). Esses trabalhos e a atitude insana nos shows renderam ao grupo a possibilidade de dividir palco com importantes bandas do cenário nacional e internacional do punk e metal, como CJ Ramone, Ratos de Porão, Cólera, The Exploited, The Varukers, Olho Seco e Pacto Social, entre outros grandes nomes, em várias cidades do Brasil. Em 2019, fez sua primeira turnê pela Europa, tocando no Rebellion Festival, o maior evento punk do planeta, e, em seguida, emplacou outros shows pela Inglaterra, República Tcheca, Áustria, Alemanha e Holanda.
Uma segunda turnê pelo Velho Continente estava agendada para 2020, mas acabou adiada para o próximo ano, por conta da pandemia, incluindo a presença no Rebellion Festival, que em 2021 comemora 25 anos. Até lá, a banda, atualmente formada por Silva Dops (vocal), Tefo HC (bateria), Cahue (baixo) e Victor Terror (guitarra), anseia conquistar novos adeptos com seu punk/hardcore sujo e seu discurso afiado.
Foto: Felipe Prado/Divulgação.