10 filmes marcantes com Meryl Streep

“Já fui loura, já fui morena,/já fui Margarida e Beatriz.
Já fui Maria e Madalena./Só não pude ser como quis.
Que mal faz, esta cor fingida/do meu cabelo, e do meu rosto,
se tudo é tinta: o mundo, a vida,/o contentamento, o desgosto?” Cecília Meireles

Meryl Streep é recordista de indicações ao Oscar

Recordista de indicações ao Oscar nas categorias ligadas à atuação, Meryl Streep volta a concorrer em 2018 por seu papel em “The Post: A Guerra Secreta do Jornalismo” e, com isto, passa a ter o nome incensado na Academia pela 21ª vez. Editor-chefe do site “Papo de Cinema”, o crítico de cinema Robledo Milani garante que “quem contesta essas indicações é porque não conhece o trabalho dela”. Aos 68 anos, a atriz acumula mais de 70 longa-metragens no currículo.

“O que mais me chama a atenção é a capacidade dela de não se mostrar Meryl Streep. Cada personagem é um mergulho naquele personagem e uma vontade de desaparecer para dar vazão a uma outra vida. Ela não repete maneirismos, consegue sublimar a persona, o que é também uma demonstração de humildade”, afiança Milani. O crítico elege os momentos mais marcantes da trajetória da atriz norte-americana.

1978 – “O Franco Atirador”
Inspirado no livro “Three Comrades” (1937), de Erich Maria Remarque, veterano da Primeira Guerra Mundial, o filme é um drama sobre um trio de metalúrgicos russo-americanos e seu serviço de infantaria na Guerra do Vietnã. Meryl Streep vive Linda, que sai de casa a fim de fugir da violência do pai. “É o filme mais premiado de todos que a Meryl participou, fez um grande sucesso, e é apenas o segundo da vida dela”, aponta Milani.

1982 – “A Escolha de Sofia”
“Com esse filme ela ganha o segundo Oscar. Ele tem até hoje uma gigantesca preferência junto aos espectadores, tanto que virou uma expressão popular, de quando a pessoa precisa se decidir por uma escolha difícil, tornou-se sinônimo de dilema. A interpretação da Meryl está arrebatadora, ela vive uma polonesa e já demonstra a habilidade em falar inglês com sotaque, mudar o tom de voz, todo aquele talento que ela tem”.

1987 – “Ironweed”
“É importante lembrar desse filme dirigido pelo Hector Babenco. Ele acabou sendo subestimado na época do lançamento, mas recebeu duas indicações ao Oscar, justamente para o Jack Nicholson e a Meryl Streep, que têm duas atuações muito marcantes. É uma oportunidade de ver o trabalho de interpretação desses dois artistas espetaculares”.

1990 – “Lembranças de Hollywood”
“É uma comédia baseada numa vida real, no caso a da atriz Carrie Fisher, que escreveu o roteiro. Meryl cria com maestria a sua versão fictícia da Carrie e é novamente indicada ao Oscar, na única vez que ela não compareceu à cerimônia. É muito interessante entender todo esse meio das celebridades pelos bastidores da fama”.

1994 – “Rio Selvagem”
“É um filme de aventura, só com personagens masculinos, um vilão, o marido, e a grande força ali é a Meryl, uma mulher encurralada que corre sobre cachoeiras e consegue sobressair a esse universo, isso no início dos anos 90, quando longas desse tipo eram dominados por Bruce Willis, Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger e todos os fortões de Hollywood. Além de ir muito bem de bilheteria foi indicado ao Globo de Ouro. Mostra bem a versatilidade da Meryl, que protagoniza várias cenas de ação”.

1995 – “As Pontes de Madison”
“Nos anos 1990 foi uma época em que a Meryl começou a ficar esquecida, e o Clint Eastwood (diretor e produtor) brigou para ter ela no filme. Ela era considerada uma atriz velha e não tinha nem 50 anos. Foi um grande sucesso de público e encanta casais até hoje, por se tratar de um romance baseado no best-seller do Robert James Waller. De novo ela foi indicada ao Oscar”.

2002 – “As Horas”
“É um filme belíssimo, considero uma das três melhores atuações de toda a carreira da Meryl e, apesar disso, dessa vez ela não foi indicada ao Oscar, o que considero uma das grandes injustiças. Ela interpreta uma lésbica e consegue compor com toda aquela miríade de força, talento e dignidade. Todo mundo fala mais da Nicole Kidman no filme, mas a Meryl está incrível”.

2006 – “O Diabo Veste Prada”
“Apresentou a Meryl para toda uma geração de jovens. Por mais que seja o filme de uma personagem composta por elementos externos, como figurino, peruca, etc., ela mostra uma grande força no olhar, é uma atuação exemplar da performance interiorizada dela, no olhar, nos gestos, o quanto isso pode ser sutil. E a despeito de todo o chamariz em torno da Meryl ela nem é a protagonista, mas é quem rouba a cena, a força da narrativa emana dela”.

2008 – “Mamma Mia!”
“É o filme mais popular da carreira dela, o que teve maior bilheteria, e que vai ter uma continuação graças à atuação da Meryl, já que ele nasceu nos palcos de teatro e nunca teve uma segunda parte. Isso demonstra a força feminina da Meryl como uma liderença, é a mulher mais respeitada de Hollywood, importante na luta por direitos iguais como, por exemplo, os que dizem respeito a salário”.

2011 – “A Dama de Ferro”
“Ela ganhou o seu terceiro Oscar por essa atuação. É um filme na linha dos prováveis vencedores de melhor filme deste ano, sobre uma figura emblemática e histórica, ligada à política, que foi a Margaret Thatcher”. Meryl Streep levou o primeiro Oscar de sua carreira graças à atuação em “Kramer vs. Kramer”, de 1979. O filme foi dirigido por Robert Benton.

Meryl Streep venceu três vezes o Oscar

Raphael Vidigal

Fotos: Divulgação.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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