Análise: Crítico, Sábato Magaldi foi além do óbvio

“Poesia é a descoberta das coisas que eu nunca vi.” Oswald de Andrade

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Sábato Magaldi pertenceu a uma época em que era permitido e incentivado conciliar rigoroso arcabouço teórico à fluidez e pontualidade do texto jornalístico. Natural de Belo Horizonte cedo migrou para o Rio de Janeiro e logo depois São Paulo, capitais onde praticamente tudo acontecia em termos de inovação estética e criativa, recebendo cantores, escritores, artistas plásticos, cineastas e encenadores de todas as regiões do país. Sua preocupação era especificamente com o teatro, embora nesse meio não se restringisse a nada. Sábato dava pitacos em textos alheios, auxiliava atores em início de carreira e discutia concepções de cenografia com os montadores, mas foi, sempre, e, sobretudo, um crítico que soube enxergar além do óbvio. Que o digam Nelson Rodrigues, Plínio Marcos e Oswald de Andrade, entre inúmeros outros.

Estudioso, Sábato organizou com afinco, a partir de camadas perceptivas, o mais completo e que até hoje serve como parâmetro seminal à obra do no período devastado pela crítica Nelson Rodrigues, que se auto-intitulava “anjo pornográfico”. Foi também quem primeiro enxergou as qualidades cênicas e estruturais das peças de Plínio Marcos, outro controverso personagem, e elaborou, com amplo conteúdo, a importância de Oswald de Andrade, em livro, para o teatro brasileiro. Mas nem só de afagos Sábato desempenhou sua principal atividade, muito pelo contrário. Foi rígido e rigoroso em apontar defeitos inclusive em montagens incensadas, como algumas do Teatro Oficina de Zé Celso Martinez Corrêa. Acima de tudo, soube revelar o que não estava nítido, com elegância de escrita, para muito além dos adjetivos comuns.

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Raphael Vidigal

Fotos: Divulgação; e Bob Sousa, respectivamente.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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