“o carnaval passa
guardada na mala
a tua meia máscara” Paulo Leminski
Haroldo Lobo, considerado um dos maiores compositores carnavalescos de todos os tempos, nasceu no Rio de Janeiro no dia 22 de julho de 1910 e morreu no dia 20 de julho de 1965 na mesma cidade. O autor de marchinhas inesquecíveis como “Alá-lá-ô”, com Antônio Nássara, “Retrato do velho”, com Marino Pinto, “Eu quero é rosetar”, com Milton de Oliveira, e “Tristeza”, com Niltinho, sucesso imortalizado na voz de Jair Rodrigues, completaria seu centenário de vida em 2010.
Haroldo Lobo venceu diversos concursos de carnaval e teve suas músicas gravadas por nomes como Aracy de Almeida, Francisco Alves, Dalva de Oliveira, Jorge Veiga, Carlos Galhardo, Linda Batista, Carmen Miranda, dentre outros. O folião que transformava a vida em melodia é sempre lembrado nas rodas de bar que discutem sobre aquele que escreveu a marchinha que fala do deserto do Saara, ou aquela outra que falava sobre Getúlio Vargas. Por seu caráter popular e divertido, Haroldo Lobo terá sempre seu nome festejado como um dos imortais do carnaval brasileiro.
O apoio popular a Getúlio Vargas se deu de tal forma que mais tarde, na década de 50, ele se tornou tema de duas marchinhas de carnaval, gênero musical que mais atingia ao que se pode chamar de massa da época. A mais famosa delas, de autoria de Haroldo Lobo e Marino Pinto foi composta em 1951 e festejava o retorno de Getúlio ao poder. Em clima panfletário os versos decretavam: “Bota o retrato do velho outra vez, bota no mesmo lugar, o sorriso do velhinho, faz a gente trabalhar”, referindo-se também às leis trabalhistas que tanto conquistaram a massa, implantadas por Getúlio.
O mais curioso é que Getúlio não gostou de ser chamado de velho na letra da música, e pensou em censurá-la, no entanto o sucesso entre o povo era tanto que ele decidiu não fazer nada para impedir sua execução. Já a outra marchinha que falava sobre Getúlio foi composta em 1953 por Arlindo Marques Jr. e Roberto Roberti. “Se eu fosse Getúlio” dava conselhos ao presidente, dizendo que “O Brasil tem muito doutor, muito funcionário, muita professora, se eu fosse o Getúlio mandava metade dessa gente pra lá fora”, e encerrava “E essa turma da mamata, eu mandava plantar batata”. Mas o mais interessante sobre essa marchinha para se entender a sua relação com o apoio da massa a Getúlio é que ela foi gravada por Nelson Gonçalves, justamente o cantor mais popular da época.
Raphael Vidigal
Lido na rádio Itatiaia por Acir Antão em 09/01/2011.
11 Comentários
Sementes de cultura plantadas pelo Raphael Vidigal
que legal, Raphael. Maravilha, maninho. Bração!
Brilhante trabalho do amigo
Raphael Vidigal. Vejam que legal!
A MEMÓRIA do BRASIL na música, cultura faz um povo melhor.
Bacana demais! Compartilhando!!!
“… Eu já botei o e TU não VAIS botar…”…. muito bom…. hehehe.
Esse som é ótimo!
Escrito por Raphael Vidigal. Grande amigo e jornalista!
post interessante de Getulio!
Dá-lhe Raphael Vidigal (autor de textos memoráveis sobre artistas e a história da música brasileira de todos os tempos, e que são transmitidos pelo grande radialista Acir Antão na “Hora do Coroa”, programa das manhãs de domingo pela Rádio Itatiaia)
Parabéns meu amigo Raphael Vidigal! Mais uma excelente matéria, eu era garoto mais ouvia as pessoas comentando sobre as marchinhas do Haroldo Lobo, principalmente Se Eu fosse Getúlio, interpretada pelo Nelson Gonçalves!