Peça de Miguel Falabella arranca risos por motivos díspares
O teatro de Jean Poiret chega ao olhar do público mineiro através da lente de Miguel Falabella. O ator, diretor e adaptador do texto, “A Gaiola das Loucas”, trouxe para Belo Horizonte versão reduzida do espetáculo, apresentado no Palácio das Artes nos últimos dias 5, 6 e 7 de agosto, e que por motivos estruturais teve que abrir mão do encanto e da magia do cabaré e das performances musicais dos personagens.
A peça arranca risos do público por motivos díspares. Se por um lado o humor físico e as patacoadas garantem sonoras gargalhadas, as tiradas reflexivas de Falabella merecem melhor destaque. Fazendo uso do jogo habitual de conjugar o grotesco e o suave, o ator encarna o marido do casal gay balançando-se entre o charme e a vulgaridade.
O interessante a notar é que o humor agressivo e muitas vezes politicamente incorreto de Falabella, que sem moderação, comanda a peça, jamais agride o público. A ausência de Diogo Vilela é notada, embora Sandro Cristopher se esforce, e os coadjuvantes percam o fôlego quando não contam com a presença do diretor em cena.
O cenário provocativo, recheado de referências explícitas ao universo gay, destaca-se mais como personagem do que o restante do elenco. O único número musical apresentado é dos melhores momentos da peça, numa encenação “comportada” de Sandro Cristopher. A música, a iluminação e o cenário alimentam a sensação de desejo, pela consumação irrompida. Desejo este, saciado em pequenas doses, nos números improvisados que remetem à realidade próxima do brasileiro, que entre Dilma e Alcione, se vê refletido no espelho da França, quando se percebe: o amor e o riso talvez sejam as armas contra a caretice.
Sem levantar bandeiras, porque não pensar numa mensagem implícita? Que a violência e o preconceito sejam varridos pra debaixo do tapete, rosa e com detalhes de oncinha.
Raphael Vidigal
Publicado no jornal “Hoje em Dia” em 09/08/2011.
5 Comentários
massa!!!!
Que bom que gostou, Andressa!
Ja assisti aqui em SP, MTO BOM!
Obrigado pela presença, Thiago. Abraços
Muito boa Rapha Raphael Vidigal!!! bjs