6 polêmicas com Chico Buarque

“Vagueia, devaneia
Já apanhou à beça
Mas pra quem sabe olhar
A flor também é ferida aberta
E não se vê chorar” Chico Buarque

Chico Buarque Instagram

Graças a “Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores”, música de Geraldo Vandré, uma carta de Tom Jobim (1927-1994) convocava Chico Buarque, 73, para ser vaiado. O episódio aconteceu em 1968, quando, ao receber sozinho os apupos da plateia na fase anterior do III Festival Internacional da Canção daquele ano, Jobim telegrafou para o parceiro de “Sabiá”. Interpretada pelo Quarteto em Cy, a canção venceu o concurso em detrimento do rasqueado de Vandré, preferida pelo público. “Venha urgente. Presença imprescindível”, acudia o Maestro Soberano.

Se até ali a experiência era inédita, Chico voltaria a estar no alvo décadas depois. A partir de 2013, ao ingressar no grupo Procure Saber para defender a proibição de biografias não-autorizadas, o autor de “Vai Passar”, “Apesar de Você”, “Cálice” e outras canções de resistência à ditadura militar, passou a conviver cada vez mais de perto com críticas e situações polêmicas. Foi acusado de machista, censor, hostilizado por um grupo de jovens ao sair de um restaurante no Leblon e virou meme nas redes sociais.

Procure Saber
Em abril de 2013, um grupo de artistas formado por Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Djavan, e outros, tendo à frente Roberto Carlos, se juntou para defender a proibição de biografias não-autorizadas. No imbróglio, Chico afirmou que não havia concedido entrevista a Paulo César de Araújo para o livro “Roberto Carlos em Detalhes”, e foi desmentido com vídeo publicado pelo biógrafo que confirmava o encontro ocorrido em 1992.

Meme
A partir de 2014, começaram a circular na internet montagens que uniam as duas fotos utilizadas por Chico Buarque na capa do álbum de 1966, quando o país ainda vivia sob o domínio de uma ditadura militar. Conhecidas como “memes”, as brincadeiras se valiam dos contrastes das expressões do artista para abordar temas do cotidiano. Ao abrir a sua própria conta no Instagram em julho de 2017, Chico entrou na brincadeira e também divulgou o meme.

Leblon
No dia 21 de dezembro de 2015, ao sair de um restaurante onde jantava com amigos no Leblon, Chico foi cercado por um grupo de quatro jovens e hostilizado por suas posições políticas. Uma semana depois, uma manifestação em apoio ao compositor foi convocada para o mesmo local. Em janeiro de 2016, a música “Não Enche o Saco do Chico”, de Marcos Frederico e Vitor Velloso, venceu o concurso de Marchinhas Mestre Jonas, em BH. Em agosto, Chico prestou solidariedade à Dilma Rousseff durante o processo que a tirou da presidência, definido por ele como “golpe”.

Musical
Durante uma apresentação de “Todos os Musicais de Chico Buarque em 90 Minutos” no dia 19 de março de 2016, em Belo Horizonte, o ator e produtor Cláudio Botelho recebeu vaias e foi obrigado a interromper o espetáculo por conta de um comentário contra os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff. No camarim, um áudio captou declaração racista de Botelho. Após o episódio, Chico decidiu retirar a autorização para o produtor montar este e outros espetáculos com sua obra.

Tua Cantiga
Em agosto de 2017, logo após o lançamento do clipe de “Tua Cantiga”, música do primeiro disco de inéditas de Chico em cinco anos, uma postagem da colunista Flavia Azevedo ganhou destaque ao questionar o aspecto machista da canção, considerando sua letra data. Através do Facebook, Chico argumentou ter ouvido em uma fila de supermercado que “machismo é ficar com a família e a amante”, ao invés de escolher uma das duas.

Roda Viva
No mês de novembro de 2016, Chico Buarque decidiu pedir à TV Cultura que sua música “Roda Viva” não fosse mais utilizada na abertura do programa de mesmo nome que, segundo ele, teria se “desvirtuado da proposta original”. Um ano depois, Chico resolveu autorizar o dramaturgo Zé Celso Martinez Corrêa a remontar o espetáculo teatral “Roda Viva”, algo que ele vinha proibindo desde 2012 por considerar a peça datada.

Chico Buarque e Dilma

Raphael Vidigal

Fotos: Instagram/Divulgação.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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