“O otimismo começa com um riso aberto e o pessimismo acaba com óculos azuis. Além disto, os dois não passam de poses.” Oscar Wilde
Mallu Magalhães, Tiago Iorc, Clarice Falcão, Tiê, Anavitória, Ana Vilela, Marcelo Jeneci. Apesar das diferenças entre si, os citados apresentam algumas características que têm associado essa turma a um estilo definido como MPB Fofa: voz suave, violão no colo, letras simples e delicadas, a maioria com narrativas ao gosto folk que trazem certa impressão autobiográfica. Apontada como espécie de precursora desse movimento, Mallu Magalhães, a exemplo de Anavitória e Ana Vilela, primeiro chamou a atenção do público com vídeos divulgados na internet. Hoje ela acumula quatro álbuns solo e uma carreira consolidada no mercado fonográfico. Em 2017 lançou “Vem”, com 12 faixas autorais.
“Feito Pra Acabar” – Marcelo Jeneci (2010)
Disco de estreia do cantor e compositor paulista Marcelo Jeneci, a obra trazia parcerias com nomes de peso dentro da música brasileira, como Arnaldo Antunes, Luiz Tatit e Zé Miguel Wisnik. No entanto, além da faixa-título, o destaque ficou por conta de “Felicidade”, música escrita com o paraibano Chico César, que condensa, em seus últimos versos, a “fofura” desse trabalho: “Chorar, sorrir também e dançar/Dançar na chuva quando a chuva vem”.
“Matéria Estelar” – Rhaissa Bittar (2014)
Nascida em Santos, Rhaissa Bittar despontou com o primeiro disco em 2010. “Voilà” rendeu à artista uma música na novela e apresentou o nome ao país. Com o sucessor, “Matéria Estelar”, a cantora foi indicada ao Prêmio da Música Brasileira e listada entre os cem melhores discos nacionais do ano, alcançado o segundo lugar, na avaliação da revista eletrônica “Embrulhador”. Nesse trabalho, a personagem principal vivida por Rhaissa é uma boneca.
“Troco Likes” – Tiago Iorc (2015)
Tiago Iorc começou a chamar a atenção do público em 2006, dois anos antes da estreia em disco com “Let Yourself In”. Aos poucos, as referências predominantemente estrangeiras cederam lugar a outras conexões feitas pelo artista brasiliense. Tanto que em “Troco Likes”, título que rendeu registro ao vivo, Iorc assina canções com Humberto Gessinger (vocalista do Engenheiros do Hawaii) e Dani Black. Mas as baladas continuam na seara romântica.
“Todo Caminho É Sorte” – Roberta Campos (2015)
Logo em seu álbum de estreia, a mineira Roberta Campos, conterrânea de Clara Nunes (nascida em Caetanópolis) emplacou três canções em novelas. “Varrendo a Lua” mostrava com força a delicadeza da compositora. “Todo Caminho É Sorte”, o quarto álbum, recebeu indicação ao Grammy Latino. Além de assinar a maioria das faixas, Roberta inaugura parceria com Fernanda Takai e apresenta registro íntimo de “Casinha Branca”, sucesso da música sertaneja.
“Problema Meu” – Clarice Falcão (2016)
Cantora, atriz, compositora, roteirista e humorista, Clarice Falcão veio ao mundo para “causar”. Foi essa expressão que a múltipla artista pernambucana utilizou quando a celeuma provocada pelo clipe de sua música “Eu Escolhi Você” tomou conta das redes sociais. A faixa integra o segundo álbum solo de Clarice. Sucessor de “Monomania”, o álbum “Problema Meu” enfileira 14 canções, quase todas assinadas só por Clarice. “Irônico” abre esse trabalho.
“Qualquer Pessoa Além de Nós” – Carol Naine (2016)
Foi graças à música “Diz Puta” que o nome de Carol Naine ficou conhecido no cenário nacional. Parte de “Qualquer Pessoa Além de Nós”, segundo disco de carreira, a canção concorreu ao Prêmio da Música Brasileira em 2017. O trocadilho do título revela, de cara, as intenções da artista, que se vale do humor e da ironia para discutir questões prementes e contemporâneas. A voz suave e o ritmo das canções podem até ludibriar os distraídos e incautos.
“Anavitória” – Idem (2016)
Acompanhadas de voz e violão, a dupla formada pelas cantoras Ana e Vitória, naturais de Araguaína, no interior de Tocantins, se transformou em febre nas redes sociais quando foi lançado, junto com o primeiro EP, o vídeo de uma performance ao vivo para a música “Singular”. A essa altura, elas já haviam sido apadrinhadas por Tiago Iorc, produtor do primeiro disco das moças, batizadas artisticamente com a junção do nome de cada uma.
“Vem” – Mallu Magalhães (2017)
Também surgida nas redes sociais, Mallu Magalhães estreou em disco em 2008, graças ao fenômeno “Tchubaruba”, interpretado por ela, ao violão, num dos vídeos postados. A esse trabalho seguiram-se outros três, e uma carreira cada vez mais consolidada. “Vem”, o mais recente, guarda poucos ingredientes do universo folk presente nas primeiras criações de Mallu. Produzido por Marcelo Camelo, o disco faz uma aproximação com os ritmos nacionais.
“Ana Vilela” – Idem (2017)
Fenômeno espontâneo das redes sociais por conta da música “Trem Bala”, a paranaense Ana Vilela lança o seu primeiro disco solo para que o sucesso não passe com a mesma velocidade do veículo que dá nome ao hit. Além de dez canções autorais, ela apresenta uma versão para “O Leãozinho”, de Caetano Veloso. Os versos que grudaram na mente e no coração de vários brasileiros, cantados, inclusive, por Gisele Bündchen e Luan Santana, são ensinamentos.
“Gaya” – Tiê (2017)
O minimalismo da obra de Tiê já aparece no próprio nome da compositora. O disco de estreia, lançado em 2009, reafirma essa tendência do universo folk descrita como “low-fi”. Destilando suavidade ao longo de dez canções autorais, Tiê recebe várias participações, como as de Toquinho e Tulipa Ruiz. O recém-lançado “Gaya” é o quarto disco dessa trajetória. Como novidade, a cantora tece conexões com Luan Santana, Filipe Catto, As Bahias e a Cozinha Mineira.
Raphael Vidigal
Fotos: Divulgação.