Wilson Miranda é daqueles famosos casos do primeiro a partir e também a abandonar o barco. Introdutor dos estilos que fomentaram a conhecida ‘Jovem Guarda’ brasileira, como o twist, o calypso e as baladas de rock, ou seja, ritmos dançantes que combinavam andamento veloz com letras romantizadas, o inicial cantor travessou os mares como crooner de uma banda de jazz.
Embora fortemente criticado pelos meios de comunicação, em virtude da defesa dos valores tradicionais e contra a invasão de cultura estrangeira no país, o rapaz de Itápolis, no interior de São Paulo, alavancou aplausos junto ao público, principalmente em função das músicas ‘Alguém é bobo de alguém’, ‘Não tive intenção’, ‘Bata baby’, ‘Estou começando a chorar’ e ‘Chove’.
“Meu erro foi
Foi lhe amar demais
Ciúmes veio então
Pra me tirar a paz
Não sei por quê
Eu fiz você chorar
Mas mesmo assim você
Não pode me deixar”
Apesar dos pesares, Wilson deixou de lado o microfone, mas não se afastou do meio musical, donde guiou os passos de muita gente boa de papo e gogó, produzindo trabalhos de Nelson Gonçalves, Originais do Samba, Célia, Banda de Pífanos de Caruaru, Vanusa, Marília Medalha, etc.
Ensaiou ainda um retorno à frente do palco, debaixo dos holofotes, detrás as cortinas luminosas e preparadas para um repertório romântico e cada vez menos roqueiro. Só não contava que a vida por vezes opera cortes bruscos, sem intervalo, câmera ou claquete. Morreu de parada cardíaca, dentro de seu carro, preso em um engarrafamento na cidade de São Paulo. No radinho do veículo apareceu a voz que não canta mais. Chove na memória.
Raphael Vidigal
2 Comentários
Vidi, eu amo de paixão o seu site. Bate muito com o que eu gosto de ler. É ótimo pra sair um pouco dessa rotina de escritório.
Um grande abraço.
Muito obrigado pelo incentivo Luísa. Fico feliz. Beijos