*por Raphael Vidigal Aroeira
“Não se admire se um dia um beija-flor invadir
A porta da tua casa, te der um beijo e partir
Fui eu que mandei o beijo
Que é pra matar meu desejo
Faz tempo que eu não te vejo
Ai que saudade d’ocê” Vital Farias
Paraibano de Taperoá com influências ibéricas em seu violão, o músico Vital Farias construiu uma obra particular, facilmente identificável. Entre seus maiores sucessos destacam-se “Era Casa, Era Jardim”, lançada em 1978 e regravada por Fagner, também conhecida como “Canção em Dois Tempos”, e “Veja (Margarida)”, de 1980, lançada por Elba Ramalho no disco “Capim do Vale”.
As duas canções foram resgatadas por Alceu Valença, Elba Ramalho, Zé Ramalho e Geraldo Azevedo, quando eles gravaram “O Grande Encontro”, em 1996. Também em conjunto, desta vez ao lado de Geraldo Azevedo, Elomar e Xangai, Vital Farias as interpretou em um único número, no álbum que foi batizado como “Cantoria 2”, e incentivou a plateia a cantar junto.
Elba retornaria à obra de Vital no álbum “Coração Brasileiro”, de 1983, um dos mais bem-sucedidos de sua trajetória, que rendeu à cantora os discos de ouro e platina pelos milhões de cópias vendidas. No repertório, Elba dá voz a “Ai Que Saudade D’ocê”, uma toada dolente, romântica, que caiu no gosto do público e entrou para o repertório de sucessos da música brasileira, recebendo versões de Zeca Baleiro, Fagner, Geraldo Azevedo e Fábio Jr.
Vital Farias morreu nesta quinta (6), aos 82 anos, após sofrer um infarto agudo do miocárdio. O músico deixou dez filhos de diferentes relacionamentos, além de seis netos e duas bisnetas. Na arte, teve uma de suas melhores definições dada pela conterrânea Cátia de França. “Me considero uma trovadora. Artista já é coisa de Lady Gaga, Michael Jackson, Madonna. Trovador é como Xangai, Vital Farias, Elomar. O rótulo de artista existe quando a pessoa se comporta com ego”, declarou Cátia em 2016.
“Belorizonten” (forró, 1981) – Vital Farias
Mauro Gonçalves volta às origens neste forró de 1981, criação de Vital Farias para o longa-metragem “O Forró dos Trapalhões”, e presta homenagem à cidade que o acolheu. Ator de múltiplos recursos, na pele de Zacarias o intérprete consegue captar o sotaque e a maneira arredia com que o povo mineiro costuma pronunciar as palavras, lhe rendendo, com justiça, o adjetivo da desconfiança.