“Ás vezes é melhor sorrir, imaginar
Ás vezes é melhor não insistir, deixar rolar
E tratar as sombras com ternura, o medo com ternura e esperar…” Lobão
Cercado por uma matilha, o velho lobo bem que tentou, em vão tentou proteger sua prole, mas não foi páreo para os ataques que sofreu. Mesmo munido de unhas & dentes & guitarras seriam estes justos a falhar na hora exata.
E impedir o grito seco preso na garganta é por demais violento até para o predador mais acostumado a derrubar animais de porte superior ao teu. Impossibilitado inclusive de recorrer a estratégias outras, os ferimentos lhe jogaram ao abate.
“Canos silenciosos, nervosa calmaria
Quando todo mundo pensava que ia se divertir
É bem aí, é bem aí que o pânico todo se inicia”
Lobão tentou uma, duas, três vezes, em todas escalou o palco como o bichano prestes e pronto a trucidar vítimas em alto grau de ansiedade e vertigem. A platéia esperou afoita, ansiosa, por vezes austera, o final que não veio.
Abalado, conformado, desconfortável e constrangido, o músico anunciou a desistência, com a ruga da interrogação aferindo a cabeça e deixando as orelhas em pé do bicho. Mas não houve jeito, infelizmente não foi possível o cantor concluir o show esperado e guardado em gaveta de pó.
“Eu sou ninguém, a calma sem alma que assola, atordoa e vem
No desmaio do final de cada dia
Eu sou a Explosão, o Exu, o Anjo, o Rei
O Samba-sem-canção, o Soberano de toda a alegria que existia”
Claro, houve protestos, urros, abalos sísmicos, nada comparáveis aos que se ouviria caso o contrário tivesse acontecido. Se Lobão realmente pisasse naquela noite no terreno destinado ao seu vitorioso e agressivo cantar para a lua as reações saltariam mais inflamadas.
Durante o parco tempo em que permaneceu em cena, diante dos olhos que o esperavam para regozijar enfim, Lobão cantou “Decance Avéc Elegance”, a pérola dos porcos francesa e brasileira, ironizou uma saudação de aleluia com “Canos Silenciosos”, berrou em “A Vida É Doce”, estrebuchou demônios e anjos em “El Desdichado” e salientou a beleza ‘viajandona’ (suas palavras) de “Mais Uma Vez”.
“A vida é doce, depressa demais…
A vida é doce, depressa demais…
A vida é doce, depressa demais…
A vida é doce, depressa demais…”
Fora isso, só o desespero e as tentativas desastradas e equivocadas, pois a instalação elétrica não tinha força o suficiente para segurar a wattagem dos equipamentos, o que deixou o ambiente do Sesc Palladium com o chiado desafinado e fora de ritmo e controle dos pseudo-espectadores. E só espectro não dá bom dia a cavalo, nem boa noite a lobo nenhum.
Raphael Vidigal
11 Comentários
Lobão é como o Mr Catra, marca e não faz o show
Tá certo mesmo, o cara canta muito e a galera quer brigar. Pelo amor né.
Olha!!! Não tinha ficado sabendo disso Vidi!!!
Quando todo mundo pensava que ia se divertir para caralho………..
Que pena… sempre gostei muito do Lobão. Abraços1
Lobão, sempre genial…
eu tava lá, foi uma droga… achei que ele não deveria ter voltado nem da segunda vez…
just sad…
“Pois só espectro não dá bom dia a cavalo, nem boa noite a lobo nenhum.”
hauahuahauahuahau
gostei! do texto referendo-se ao Lobão como bichano!( Vi o VIctor! hauahauahuh)
Mas continuo nao gostando do Lobão xP
Muito obrigado a todos pelo retorno. Abraços !
Esse é o cara… sem hipocrisia, como poucos! O Admiro muuuuuuuuuito. Pena q ñ deu pra ir vê-lo quinta-feira 23/08 qd esteve aqui em Santos-sp.