Nelson Motta compôs músicas de sucesso com Rita Lee e Lulu Santos

*por Raphael Vidigal Aroeira

“Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa, tudo sempre passará
A vida vem em ondas, como um mar
Num indo e vindo infinito” Nelson Motta & Lulu Santos

A música está no DNA de Nelson Motta mais até do que no diploma, embora o currículo esbanje assiduidade. Estudante de design gráfico, ele entrou definitivamente no universo das canções aos 20 anos para não mais parar. Letrista de mais de 300 canções (entre elas o sucesso “Como uma Onda”, parceria com Lulu Santos), produtor de discos de Elis Regina e Marisa Monte, autor da peça “Elis, a Musical” e dos livros “Noites Tropicais: Solos, Improvisos e Memórias Musicais” e “Vale Tudo: o Som e a Fúria de Tim Maia” – trabalho que considera “meio jornalístico e literário” –, Nelson Motta define a música brasileira como o “traço mais expressivo da nossa cultura para o mundo, muito mais do que o cinema, o teatro, a TV, a literatura e as artes plásticas. Em nenhum outro país, a música popular tem tanta importância no cotidiano como no Brasil”, afirma o jornalista que, nesta sexta (29), completa 77 anos de idade.

“Saveiros” (canção, 1966) – Nelson Motta e Dori Caymmi
Nelson Motta era enturmado com o pessoal da bossa nova, como Edu Lobo, Francis Hime, Luís Eça, Sérgio Mendes e Dori Caymmi, quando, em 1966, em uma parceria com este último, emplacou a música “Saveiros” no primeiro Festival Internacional da Canção da TV Rio e faturou o primeiro lugar da fase nacional. A música foi interpretada por Elis Regina, futura namorada de Nelson, em um festival que ainda contou com nomes como Jair Rodrigues, Nara Leão, Geraldo Vandré, Claudette Soares, Gilberto Gil, dentre outros. Com o sucesso de “Saveiros”, ele foi convidado pelo polêmico apresentador Flávio Cavalcanti a participar do júri do programa “Um Instante, Maestro”, o que valeu uma guinada na carreira do então repórter do Jornal do Brasil, aumentando vertiginosamente a sua exposição na mídia e tornando Nelson Motta conhecido em todo o país.

“O Mar É Meu Chão” (canção, 1966) – Nelson Motta e Dori Caymmi
Da prolífica e sofisticada parceria entre Nelson Motta e Dori Caymmi também surgiu, em 1966, “O Mar é Meu Chão”. A música foi lançada em outra espécie de “dueto” memorável, quando as vozes do Quarteto em Cy se encontraram com o Tamba Trio, e, mais tarde, mereceu regravações do próprio Dori Caymmi e uma citação em disco de Milton Nascimento, outro gigante da música brasileira que se apresentava ao Brasil. Como era comum no período, a temática social se ajustava perfeitamente ao lirismo da letra, sem perder de vista os ensinamentos melódicos e harmônicos trazidos pela insurgente bossa nova. “Vou pra plantação, eu vou trabalhar/ Vou viver em paz, nem vou me lembrar/ Que já fui do mar/ Tenho um novo chão/ Mas se a terra dá”, diz a letra.

“De Onde Vens?” (samba, 1967) – Nelson Motta e Dori Caymmi
Lançada por Nara Leão, a música “De Onde Vens” foi regravada por Elis Regina, Maria Creuza, Elizeth Cardoso, Tito Madi, Alcione, Fernanda Takai, dentre outros. Daí já se apreende a sua grandiosidade. Parceria de Nelson Motta e Dori Caymmi, essa samba de 1967 veio ao mundo no LP de Nara que trazia a sua caricatura na capa, ao estilo de Modigliani, com os olhos vazios e o perfil esguio, em um desenho do habilidoso Lan. Na faixa, comparecia a voz de Edu Lobo, realizando o contraponto do diálogo, em uma participação especial. Seguindo os princípios ensinados por Vinicius de Moraes, a letra de Nelson Motta não titubeava em abraçar o sofrimento conjugal. “Dor de amor quando não passa/ É porque o amor valeu”, sentenciava. A canção se tornou clássica.

“O Cantador” (canção, 1967) – Nelson Motta e Dori Caymmi
Em 1967, coube novamente a Elis Regina interpretar outro grande sucesso da dobradinha entre Nelson Motta e Dori Caymmi. A canção “O Cantador” também foi apresentada em um Festival da Música Popular Brasileira, que se tornaram febre no período e passaram a revelar diversos nomes da nova geração, aflita com os rumos tomados pelo país desde o golpe militar que instituiu a ditadura e ávida por se expressar, buscando meios e modos de furar a censura imposta pelo regime. “Amanhece, preciso ir/ Meu caminho é sem volta e sem ninguém/ Eu vou pra onde a estrada levar/ Cantador só sei cantar!”, diziam os versos da canção. Alguns anos depois, Nelson Motta seria responsável por modernizar o som de Elis Regina com o disco “Em Pleno Verão”, de 1970, que também representou uma guinada na carreira da Pimentinha, uma cantora exuberante.

“Festa” (canção, 1968) – Nelson Motta e Dori Caymmi
A capa do LP dizia tudo. Jair Rodrigues, com um largo sorriso no rosto, era o “Menino Rei da Alegria”, título do disco que esbanjava colorido, assim como no quadro posicionado atrás do artista. De fato, Jair Rodrigues era um intérprete expansivo, com uma voz capaz de cativar multidões, o que o levou a apresentar o “Dois na Bossa”, um programa de sucesso com Elis Regina na TV Record. “Festa”, de Nelson Motta e Dori Caymmi, aparentemente seguia esse clima, mas revelava surpresas e nuances. “Tanta gente cansada, calada/ Sem voz, sem rumo, sem riso/ Sem ver, sem passado a lembrar/ Nem canção pra cantar/ Mas é festa e a ordem do Rei é cantar/ Eu canto calado/ Sem voz, pensamento no tempo a voar”, dizia a perspicaz letra, cheia de recados diretos.

“Rosa da Gente” (canção, 1968) – Nelson Motta e Dori Caymmi
Já com ecos dos arranjos tropicalistas e prenunciando a transformação que viria a seguir na música brasileira, a canção “Rosa da Gente”, nova parceria de Nelson Motta e Dori Caymmi, foi lançada por Beth Carvalho em 1968, no IV Festival de Música Brasileira da Record, em uma interpretação esperançosa, pra cima, com direito a um coro afinadíssimo de vozes masculinas. Repetindo a dobradinha que já dera certa anteriormente, Nara Leão também gravou essa bonita e singela canção, em outro encontro vocal com Edu Lobo, desta vez no LP “Coisas do Mundo”, que também congregava os sucessos “Atrás do Trio Elétrico”, de Caetano Veloso, “Azulão”, de Jayme Ovalle e Manuel Bandeira, e “Pisa na Fulô”, de João do Vale. A despeito do clima sombrio que tomava conta do país com o AI-5, Nelson Motta e Dori Caymmi apostavam na esperança.

“Um Novo Tempo” (jingle, 1971) – Marcos Valle, Paulo Sérgio Valle e Nelson Motta
Em 1971, Nelson Motta foi capturado pelo establishment. A missão foi dada pela Rede Globo, para quem ele viria a trabalhar no futuro. Ao lado dos irmãos Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle – também oriundos do ambiente que originou uma espécie de segunda safra da bossa nova –, criar um jingle de final de ano para a emissora, o que eles realizaram com um sucesso absoluto. “Um Novo Tempo” logo se transformou em espécie de segundo hino da família brasileira durante as celebrações de Natal e réveillon. Na primeira versão, até Chacrinha e Silvio Santos participaram, ao lado de outras celebridades globais. “Hoje é um novo dia/ De um novo tempo que começou/ Nesses novos dias, as alegrias serão de todos/ É só querer/ (…) Hoje a festa é sua, hoje a festa é nossa/ É de quem quiser, quem vier”. A canção segue repisada até hoje no ar.

“Noite Vazia” (bolero, 1975) – Nelson Motta e Piry
Pioneiro na criação de trilha sonora para a novela “Pigmalião 70”, protagonizada por Sérgio Cardoso e Tônia Carrero, Nelson Motta compôs ao lado de Piry Reis, especialmente para o folhetim “O Grito”, também da Rede Globo, e para a voz inconfundível de Angela Maria, o bolero “Noite Vazia”, que se aclimatava às tormentas vividas pela protagonista na canção. “Pela cidade deserta/ Todas as portas fechadas/ Pela rua que amanhece/ Pelas luzes que se apagam”, dizia a letra. Angela Maria, uma das maiores cantoras da história da música brasileira, entrava para o rol daquelas que gravaram as músicas de Nelson Motta e, desta forma, abrilhantava ainda mais a carreira do compositor.

“A Cara do Espelho” (bolero, 1975) – Nelson Motta e Guto Graça Mello
Marília Pêra (1943-2015) foi uma atriz musical, como comprovam os espetáculos “A Pequena Notável”, “A Estrela Dalva” e “Master Class”, em que deu vida, respectivamente, a Carmen Miranda, Dalva de Oliveira e Maria Callas, sem contar “Elas por Ela”, onde o leque de homenagens era ainda mais amplo: ia de Angela Maria a Clara Nunes e Nara Leão. O primeiro capítulo dessa história no mercado fonográfico foi escrito com “Feiticeira”, um LP oriundo de show homônimo realizado em 1975, com direção de Nelson Motta, ex-marido de Marília. Desse passo inicial, a atriz regravou “A Cara do Espelho”, que abre o último disco de Marília com um registro delicado, cuja fragilidade da voz se ajusta ao tom de reflexão da letra: “Às vezes pergunto pra cara do espelho/ Que olhos são esses/ Que sonhos não mostram/ Que medos disfarçam/ Que dores escondem/ Nenhuma resposta/ Só novas perguntas”, diz.

“Dancin’ Days” (música disco, 1978) – Nelson Motta e Ruban
Era a estreia de Angela Ro Ro diante de um grande público, que também foi até lá para ver Rita Lee e Raul Seixas. Mas ficou tudo fora de controle. “Faltou água mineral, o palco desabou, choveu toneladas, foram muitos percalços”, relembra Nelson Motta, idealizador daquele fatídico festival Som, Sol e Surfe, realizado em Saquarema, no litoral do Rio de Janeiro, em 1976. No mesmo ano, Motta foi convidado pelos donos do shopping da Gávea, inaugurado pouco tempo antes, na zona Sul do Rio, a ocupar, durante o período que antecederia a abertura do Teatro dos Quatro, um espaço no empreendimento. Como quem tira uma frase de autoajuda do bolso, Motta sentencia: “O sucesso nasceu do maior fracasso”. Começava assim a história da boate que operou uma revolução na música brasileira. A Frenetic Dancin’ Days Discotheque teve apenas quatro meses de vida, o suficiente para acumular episódios e aventuras que ficaram para sempre na memória brasileira, como a música “Dancin’ Days”.

“Perigosa” (música disco, 1978) – Rita Lee, Roberto de Carvalho e Nelson Motta
“As Frenéticas” foi um grupo formado pelo jornalista e compositor Nelson Motta, que acabara de inaugurar uma casa de espetáculos e teve a ideia de contratar garçonetes que, no meio da noite, subiriam no palco para cantar. O projeto deu tão certo que elas rapidamente se tornaram uma febre nacional. No período da invasão da música disco no Brasil, o grupo também trazia um discurso feminista, de liberação do prazer e da sexualidade feminina sem grilos nem dores de cabeça. É esse discurso que contamina toda a melodia e a letra da canção “Perigosa”, uma criação de Rita Lee, Roberto de Carvalho e do próprio Nelson Motta lançada em 1978 pela trupe. Um hino do prazer feminino.

“Noite de um Verão de Sonho” (MPB, 1980) – Nelson Motta e Xixa Motta
Uma música de Wally Salomão e Caetano Veloso deu título ao LP de Maria Bethânia de 1980. “Talismã” se tornou o terceiro disco consecutivo da cantora baiana a superar a marca de um milhão de cópias vendidas, algo, até então, inédito na música popular brasileira. A música combina sensualidade com ímpeto de vida, sob a malha poética própria de Wally Salomão, criado sob a égide da poesia marginal, mas com uma formação pra lá de erudita e multidisciplinar. No repertório também comparece “Noite de um Verão de Sonho”, parceria de Nelson Motta com a mãe, Xixa Motta, e cujo título inverte as palavras da famosa peça de Shakespeare, “Sonho de Uma Noite de Verão”.

“De Repente, Califórnia” (pop, 1981) – Nelson Motta e Lulu Santos
“De Repente, Califórnia” abriu as portas da famosa parceria entre Lulu Santos e Nelson Motta, e já com um estrondoso sucesso. A música foi composta sob uma encomenda, para integrar a trilha sonora do filme “Menino do Rio”, de Antônio Calmon, assim como a faixa-título, que ficou a cargo de Caetano Veloso e alcançou sucesso na voz de Baby Consuelo. Ricardo Graça Mello, que interpretava o personagem Pepeu no longa-metragem, foi quem a apresentou ao Brasil, em 1981. Um ano depois, no disco “Tempos Modernos”, Lulu gravou a sua versão definitiva e embarcou, de vez, naquela onda de hits.

“Como Uma Onda” (balada, 1983) – Nelson Motta e Lulu Santos
Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello dizem no livro “A Canção no Tempo – Volume II”, que a música “Como Uma Onda”, de Lulu Santos e Nelson Motta, é um bolero que se mistura a sons típicos da percussão caribenha. Fato é que essa balada de pega existencialista, justamente subintitulada “Zen-Surfismo”, catapultou a carreira de Lulu Santos e impulsionou as mais de noventa mil cópias do disco “O Ritmo do Momento”, em 1983. Hit indispensável da carreira de Lulu, a música foi gravada, no mesmo ano, por Zizi Possi e mereceu uma regravação marcante de Tim Maia, amigo de poucas e boas de Nelson Motta.

“Sereia” (pop, 1983) – Nelson Motta e Lulu Santos
No disco de estreia do quarteto mineiro Rosa Neon, formado por Marina Sena, Luiz Gabriel Lopes, Mariana Cavanellas e Marcelo Tofani, a única releitura fica por conta do sucesso radiofônico “Sereia”, de Lulu Santos. “A gente se inspira nos grandes hitmakers e nessa coisa da música-chiclete”, informa Marina, que lista Rita Lee, pop americano e “pagodão baiano” como referências, além, é claro, do quarteto que abalou as estruturas da música brasileira na década de 70, formado por Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa e Gilberto Gil. “Seria”, parceria de Nelson Motta e Lulu Santos, foi curiosamente lançada em 1983, por Fafá de Belém, no especial infantil “Plunct Plact Zum”, da TV Globo.

“Certas Coisas” (balada, 1984) – Nelson Motta e Lulu Santos
O romantismo de “Certas Coisas” conquistou até Milton Nascimento, que, na década de 1990, registrou a sua versão para esse sucesso de Lulu Santos e Nelson Motta, lançado no disco “Tudo Azul”, de 1984. “Não existiria som/ Se não houvesse o silêncio/ Não haveria luz/ Se não fosse a escuridão/ A vida é mesmo assim/ Dia e noite, não e sim”, filosofam os compositores na letra. Mas o ápice fica mesmo por conta da segunda parte, que aumenta a frequência da combustão amorosa. “Eu te amo calado/ Como quem ouve uma sinfonia/ De silêncios e de luz/ Nós somos medo e desejo/ Somos feitos de silêncio e som/ Tem certas coisas que eu não sei dizer”. Wando e Simone também a cantaram.

“Tudo Azul” (pop, 1984) – Nelson Motta e Lulu Santos
A música que dava título ao disco lançado por Lulu Santos em 1984 era, essencialmente, uma ode à libertação. “Tudo azul, todo mundo nu/ No Brasil, sol de norte a sul”, convidava descaradamente a abertura da faixa. O clima praiano também se fazia presente no arranjo. “Nós somos muitos, não somos fracos/ Somos sozinhos nessa multidão/ Nós somos só um coração/ Sangrando pelo sonho de viver”, dizia mais adiante, como se ansiando pela abertura política na qual o Brasil depositava tantas esperanças. A música rapidamente se transformou em um dos grandes clássicos da carreira de Lulu.

“Veneno” (balada, 1984) – Alfredo Polacci em versão de Nelson Motta
Marina apareceu para a música brasileira no final da década de 1970, quando se tornou ícone da nova música pop com o disco “Simples Como o Fogo”. No álbum seguinte, gravou “Nosso Estranho Amor”, de Caetano Veloso. Em 1984, lançou “Fullgás”, parceria com o irmão Antônio Cícero, seu principal letrista. Ela também regravou “Me Chama”, de Lobão, com enorme sucesso. Marina ficou conhecida pela elegância de suas canções, sempre unindo a modernidade pop à poesia da música popular brasileira. Naquele disco icônico, também estava presente “Veneno”, versão de Nelson Motta para a música de Alfredo Polacci.

“Coisas do Brasil” (MPB, 1985) – Nelson Motta e Guilherme Arantes
Guilherme Arantes nasceu em São Paulo, no dia 28 de julho de 1953. É um dos poucos pianistas brasileiros a integrar o hall da fama da secular fabricante teuto-americana de pianos Steinway & Sons, estando em companhia de nomes como Guiomar Novaes, Franz Liszt, George Gershwin e Duke Ellington. Entre os maiores sucessos de Guilherme Arantes estão “Planeta Água”, “Cheia de Charme”, “Amanhã”, “Um Dia, Um Adeus”, “Lindo Balão” e “Meu Mundo E Nada Mais”, gravadas por Caetano Veloso, Roberto Carlos, Elis, Gal e outros. Em 1985, ele lançou “Coisas do Brasil”, parceria de sucesso com Nelson Motta.

“Bem Que Se Quis” (balada, 1989) – Pino Danielle em versão de Nelson Motta
Marisa Monte era uma cantora lírica em turnê pela Itália quando foi descoberta e convencida por Nelson Motta a investir no universo da canção popular. A estreia não poderia ter sido mais animadora. Lançado em 1989, o disco que continha as iniciais da debutante (“MM”) vendeu mais de 700 mil cópias e ganhou elogios entusiasmados da crítica, transformando Marisa em um fenômeno imediato. Além de regravar canções de Tim Maia, Os Mutantes, Titãs, Candeia e Luiz Gonzaga, ela deu voz a uma versão de Nelson Motta para o sucesso de Pino Danielle, rebatizado como “Bem Que Se Quis”. Romântica, a canção entrou na trilha sonora da novela “O Salvador da Pátria”, foi regravada por Nelson Gonçalves e tornou-se um dos maiores sucessos da carreira de Marisa Monte.

“Tudo Que Se Quer” (balada, 1989) – Andrew Lloyd Webber em versão de Nelson Motta
A capacidade de criar versões para clássicos da música mundial passou a ficar cada vez mais em evidência na carreira de Nelson Motta. Um exemplo é “Tudo Que Se Quer”, adaptação para música de Webber composta para o musical “O Fantasma da Ópera”, cujo livro de 1910, escrito por Gaston Leroux, serviu de inspiração para a histórica montagem da Broadway. No Brasil, a primeira versão da música ecoou na novela “Tieta”, da Rede Globo, em 1989. Emílio Santiago e Verônica Sabino a gravaram, em diferentes momentos, e em dueto. E outros também se aventuraram, caso do cantor ligado ao romantismo, Jessé.

“Pleno Verão” (blues, 1989) – versão de Nelson Motta para “Summertime”
Ela se foi aos 27 anos há mais de quatro décadas, mas se é verdade que na música o tempo é fundamental, também o é que, através dela, os limites se transpõe. Ao menos no caso de Janis Joplin. Cantora de rock e blues, a norte-americana despontou, junto à geração de Jimi Hendrix e Jim Morrison, influenciada por nomes como Billie Holiday, Aretha Franklin e Etta James. A voz rascante e os excessos dentro e fora do palco foram algumas de suas marcas, além das canções carregadas de desvios amorosos e hinos à libertação. Em 1989, Nelson Motta verteu para o português “Summertime”, cuja versão de Janis Joplin ficou clássica. Coube a Nara Leão cantar “Pleno Verão”. A música original é de George Gershwin, Ira Gershwin e de DuBose Heyward.

“Você Bem Sabe” (choro, 1989) – Nelson Motta e Djavan
“Esse não tem jeito, é o disco de ‘Oceano’, a canção perfeita em letra e melodia, onde a riqueza harmônica e a melodia assobiável fazem dela um clássico para especialistas e um sucesso popular eterno. E o disco tem muito mais, da sonoridade indígena de ‘Curumim’ a um sucesso como ‘Cigano’, além de uma surpresa, um primeiro choro composto por Djavan, moderníssimo, ‘Você Bem Sabe’, em parceria com Nelson Motta”. As palavras são do crítico musical Hugo Sukman, que elege o álbum de 1989 de Djavan como o favorito.

“Como Um Rio” (música soul, 1990) – Arthur Hamilton em versão de Nelson Motta
Sandra de Sá talvez seja das artistas que mais se entrega a seu ofício. Oriunda da música soul brasileira, apareceu ao lado de nomes como Tim Maia, Hyldon, Cassiano e outros, sendo, desde então, solitária voz feminina neste cenário. Porém, marcante. A interpretação lancinante e visceral, a entrega pelas letras românticas e o singular suingue trazido de suas raízes africanas, sempre denotaram para Sandra a característica de uma cantora catártica, de pura emoção, porém com pleno domínio da técnica a serviço dos sentimentos. Não é por acaso que o compadre Cazuza a apelidou de Billie Holiday. Em 1990, no disco “Sandra!”, ela gravou “Como Um Rio”, versão de Nelson Motta para o hit.

“Para de Chorar” (axé, 2003) – Nelson Motta, Beto Garrido e Alexandre Peixe
Além das canções mais recentes, Daniela Mercury monta o repertório de seus shows com músicas que marcaram a sua carreira, iniciada em 1986, e que a transformaram no “Furacão da Bahia”, como ela passou a ser chamado depois de hits como “O Canto da Cidade”, “Swing da Cor”, “Nobre Vagabundo”, “Minas com Bahia” e “Rapunzel” estourarem nas rádios de todo país. “Sou especialista em músicas dançantes e rítmicas, que sempre trazem temas fortes”, aponta Daniela. Um exemplo é “Para de Chorar”, axé feito em parceria tripla com Nelson Motta, Beto Garrido e Alexandre Peixe, que a cantora lançou em 2003.

Matéria publicada originalmente no portal da Rádio Itatiaia, em 2021.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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