Marcelo Nova chega aos 70 anos com disco novo e polêmica sobre vacina

*por Raphael Vidigal Aroeira

“Leva sempre a minha imagem
a submissa rebeldia
dos que estudam todo o dia
sem chegar à aprendizagem…” Cecília Meireles

Cinco anos depois de seu disco até então mais recente, a banda Camisa de Vênus colocou na praça um novo álbum, no dia do aniversário de seu vocalista e fundador, Marcelo Nova. Mas “Agulha no Palheiro”, que apresenta 10 faixas inéditas, entre elas títulos como “O Anarquista Conservador”, “Tristeza de Hiena” e “A Praça do Final dos Tempos”, não fez tanto barulho quanto as recentes declarações de Marcelo Nova, que acaba de completar 70 anos.

Em entrevista à TV Bahia, para a qual foi convidado por ser o Dia Mundial do Rock (que só se celebra no Brasil), saiu-se com essa: “Para um sujeito como eu, prestes a fazer 70 anos de idade e com 40 anos de carreira, isso não serve para mim. Eu fiz minhas regras, eu faço meu caminho, eu não deixo que governadores nem prefeitos, nem presidentes, ninguém manda em Marcelão”.

E continuou: “Isolamento parcial, porque eu não me submeto a esses ditames do ‘fica em casa, fica em casa, não saia, não se aproxime’. Eu beijo quem eu quero, eu abraço quem eu quero. E eu vou morrer, se não morrer de Covid, vou morrer de câncer, atropelado, assassinado, de zika, chikungunya, essas coisas”.

Não satisfeito, foi ao programa de Danilo Gentili, no SBT, para engrossar o caldo. Argumentou que não foi contestado durante as declarações à TV Bahia, mas, depois, acabou retirado do ar. E que não representava nenhum partido político, apenas a si. “Eu me manifestei com certa veemência a favor da individualidade, do direito inegável ao cidadão de ir e vir, da liberdade. E, curiosamente, algumas pessoas disseram que o meu manifesto, a minha fala, foi desprovida de consciência social”.

“A consciência social dessa gente do ‘fica em casa’ é a seguinte: os porteiros do meu prédio, pra eles não valem. Essa gente pobre que não tem carro, que anda de metrô, que anda de ônibus, eles têm que me servir. Eles têm que trazer o meu delivery, eles têm que trazer a minha correspondência. O pessoal da segurança do condomínio tem que ficar lá para garantir a minha tranquilidade. Então, essa consciência social só vale se for a favor deles. Se não for a favor deles: para quê? Porque eu vou me preocupar com essa gente? Gente de terceira categoria. E se pegarem Covid, adoecerem e morrerem, qual é o problema? Botamos outros no lugar. Esse é o tamanho da consciência coletiva que essa gente prega”, atacou.

Para arrematar, tergiversou sobre as vacinas, e deu o exemplo de três conhecidos que receberam as doses, sendo que um não teve nada – não ficou nem com coceira –, o segundo enfrentou uma febre intermitente e, o terceiro, após alguns dias, sofreu infarto. Parece piada de português. Mas é de baiano.

Publicado originalmente no portal da Rádio Itatiaia, em 2021.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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