Entrevista: Eliana Pittman revisita sucessos da carreira no projeto “Salve Rainhas”

“Quando falas, dizem todos:
Tem uma voz que é um encanto.
Só falando, faz perder
Todo o juízo a um santo.” Florbela Espanca

Eliana-Pittman

Quem a vê assim como a empregada Chica, “num papel totalmente anti-glamour”, ela própria diz, pouco imagina que Eliana Pittman, antes de participar da novela “Sangue Bom” na rede Globo, muito cantou por esse planeta, e acumulou farta bagagem de sucessos e histórias inusitadas, sempre munida do charme e exuberância de sua voz.

REPERTÓRIO
É parte dessa trajetória que Eliana irá apresentar ao público que comparecer neste domingo (29/09) à Funarte, 19 horas, acompanhada do pianista mineiro Dudu Viana, no projeto “Salve Rainhas”, numa espécie de bate-papo musical que promete reunir fatos marcantes e os êxitos inquestionáveis de carreira iniciada em 1963 ao excursionar para a Argentina ao lado do padrasto famoso, o saxofonista Booker Pittman, de quem também herdou o nome artístico.

Para a volta a Belo Horizonte, onde cansou de se apresentar no Teatro Marília, principalmente na década de 70, além da “enorme saudade, pois não me chamavam há 300 anos”, brinca; a cantora retifica o ecletismo do repertório que irá dos “standards do jazz americano, passando por bossa nova, tango, e homenagem a Elizeth Cardoso, a minha grande rainha, com, entre outras, ‘Canção da Manhã Feliz’”, avisa.

MINAS GERAIS
Ainda sobre sua relação com Minas Gerais e a música do estado, Eliana Pittman derrete-se em elogios a Milton Nascimento, segundo ela “o Papa Maior, todos os outros vieram atrás, sem esquecer que aqui é um celeiro da boa música”. Outro filho da terra a receber a admiração e que terá versos cantados no show é o cantor Wando, falecido no ano passado, e “muito bem acolhido por todos dessa cidade”, afirma.

Sobre os planos para 2014 e o restante de 2013, Eliana confirma o lançamento de um DVD e a participação na novela até novembro. Aliás, conciliar música e dramaturgia não é novidade para a inquieta artista que já estrelou musical ao lado de Rogéria, Zezé Motta, e outras; e um seriado da HBO, atualmente em exibição, “Preamar”. Além disso, pretende continuar “cantando pra chuchu”, como sempre, diz aos risos.

POETINHA
Vinicius de Moraes ensinou pessoalmente Eliana Pittman a cantar “Pela Luz dos Olhos Teus”, privilégio parecido só mesmo o de se apresentar ao lado de Sacha Distel, na França, em dueto bilíngüe, entoando “Garota de Ipanema”. Em relação ao centenário do “Poetinha”, comemorado neste ano de 2013, a entrevistada presta um desabafo: “A música tem um valor na América que o Brasil não dá. Não se respeita as cantoras, os poetas, e a nossa atual ministra da cultura Marta Suplicy nada faz para mudar este quadro”.

O mesmo é dito em relação aos novos valores e o cenário atual da música brasileira. Eliana é incisiva: “Infelizmente só vejo surgirem coisas ruins, não há nada que me conquiste, chame a atenção. Enquanto houver essa imposição de nomes mercantilistas como esse Naldo fica difícil que a arte sobressaia sobre o mero entretenimento”, finaliza.

Eliana-Pittman-entrevista

Raphael Vidigal

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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