Arlindo Cruz compôs sucessos com Zeca Pagodinho e Sombrinha

*por Raphael Vidigal Aroeira

“O meu lugar
É caminho de Ogum e Iansã
Lá tem samba até de manhã
Uma ginga em cada andar” Arlindo Cruz & Mauro Diniz

Arlindo Domingos da Cruz Filho, o Arlindo Cruz, nasceu no Rio de Janeiro, no dia 14 de setembro de 1958. Do pai, ele ganhou o primeiro cavaquinho, aos sete anos. Aos 12, começou a aprender violão e, aos 14, já tocava profissionalmente, acompanhando rodas de samba de artistas como Candeia.

Aos 15 anos, ele foi estudar na escola preparatória de cadetes em Barbacena, Minas Gerais, mas não abandou a música e continuou cantando no coral da escola. Depois de vencer festivais em Barbacena e Poços de Caldas, deixou a Aeronáutica e voltou ao Rio, frequentando rodas de samba no Cacique de Ramos com Jorge Aragão, Beth Carvalho, Almir Guineto e Zeca Pagodinho.

Com a saída de Jorge Aragão do Fundo de Quintal, foi convidado a participar do grupo e, ao lado de Sombrinha, compôs inúmeros sucessos, como “O Show Tem Que Continuar”, “Ainda É Tempo de Ser Feliz”, “Desalinho”, “Só Pra Contrariar”, entre outras. Em sua carreira-solo, compôs músicas como “O Bem”, “Meu Lugar”, “Meu Nome É Favela”, “Bagaço da Laranja”. Em março de 2017, Arlindo sofreu um acidente vascular cerebral do qual ainda se recupera.

“Camarão Que Dorme a Onda Leva” (samba, 1981) – Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz e Beto Sem Braço
A renovação do samba carioca é creditada, em larga medida, ao bloco carnavalesco “Cacique de Ramos” e, sobretudo, à presença da madrinha Beth Carvalho, apontada de tal maneira pela maioria dos sambistas da nova geração. Não é por acaso. Em 1981, Beth revelou ao Brasil o compositor e cantor Zeca Pagodinho, quando o convidou para cantar em seu disco o samba “Camarão que dorme a onda leva”, parceria com Arlindo Cruz e o lendário Beto Sem Braço. Além do ditado presente no título, que expressa a necessidade de atenção, agilidade, esperteza e dedicação por parte do cidadão brasileiro, outros são apresentados na letra, entre eles “hoje é dia da caça, amanhã do caçador”, sobre o caráter cíclico da vida, e “não faça gato e sapato de mim”.

“Força da Imaginação” (samba, 1982) – Dona Ivone Lara e Caetano Veloso
Em 1982, a admiração dos baianos por Dona Ivone Lara se tornou parceria. Ela e Caetano Veloso compuseram “Força da Imaginação”, samba que entrou em rotação pela voz de Beth Carvalho na novela “Maçã do Amor”, da TV Bandeirantes. A própria Beth lançou a canção no álbum “Traço de União”, e tratou de torna-la conhecida em todo o Brasil. “Força da Imaginação” ainda recebeu as regravações de Arlindo Cruz, do grupo Arranco de Varsóvia e de Caetano em dueto com Dona Ivone Lara, em um encontro bonito e afetuoso.

“O Show Tem Que Continuar” (samba, 1988) – Luiz Carlos da Vila, Arlindo Cruz e Sombrinha
Luiz Carlos da Vila nasceu no dia 21 de julho de 1949, no Rio de Janeiro. Morreu no dia 20 de outubro de 2008, aos 59 anos, vítima de um câncer de intestino. Conhecido por sua passagem pela ala de compositores da Vila Isabel, Luiz Carlos da Vila foi um dos compositores do samba-enredo “Kizomba, a Festa da Raça”, parceria com Rodolpho de Souza e Jonas Rodrigues que consagrou a escola em 1988. Frequentador do tradicional bloco carnavalesco Cacique de Ramos no final da década de 1970, Luiz Carlos da Vila é considerado um dos formatadores do samba carioca contemporâneo, de uma geração de compositores da qual fazem parte Jorge Aragão, Arlindo Cruz, Sereno do Cacique e Sombrinha. Entre seus sucessos destaca-se “O Show Tem Que Continuar”, com Arlindo Cruz e Sombrinha.

“Samba É Saúde” (partido-alto, 2012) – Moisés Santiago, Alexandre Silva e Renan Pereira
Zeca Pagodinho é conhecido por conservar o modo de vida despojado e as amizades em Xerém, no Rio de Janeiro, onde o sambista se criou. E, também, por gravar e dar oportunidades a nomes da nova geração, como a madrinha Beth Carvalho fez com ele próprio. Em plena pandemia do novo coronavírus, Zeca declarou que a chegada de uma vacina “vai dar mais de 20 sambas”, e que ele tomaria a vacina “até duas vezes”. Em 2012, o companheiro Arlindo Cruz gravou o partido-alto “Samba É Saúde”, de Moisés Santiago, Alexandre Silva e Renan Pereira. Já em 2015, foi a vez de Zeca protagonizar uma dobradinha com Moisés, um dos autores. “Pro samba não tem vacina”, afirma um de seus versos.

Matéria publicada originalmente no portal da Rádio Itatiaia, em 2021.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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