Conheça músicas brasileiras que exaltam Pelé, o eterno Rei do Futebol

*por Raphael Vidigal Aroeira

“Dançava com muito garbo,
Evolui com harmonia,
Ao mesmo tempo com dengue
E com grande majestade.” Murilo Mendes

O apelido do craque virou sinônimo de excelência e habilidade. Nascido Edson Arantes do Nascimento na cidade de Três Corações, em Minas Gerais, Pelé conquistou o mundo. Literalmente, diga-se de passagem: ergueu três vezes a Copa do Mundo de seleções com a camisa brasileira, a primeira delas logo aos 17 anos, em 1958, na Suécia, jogando para as cucuias o tal complexo de vira-latas que Nelson Rodrigues expressara em palavras, eternizando a camisa 10.

Com a bola nos pés, era um Rei em campo: negro, forte, rápido, habilidoso, bom na cabeçada potente tanto quanto em amaciar no peito a pelota como se fosse feita de algodão. A predominância física sobre os adversários ainda lhe rendeu o epíteto de Atleta do Século. Com mais de mil gols na carreira, o atacante santista e da Seleção Brasileira foi tema de músicas e também se arriscou a compor, tocar e até cantar com ninguém menos do que Elis Regina.

“Nasal Sensual” (sátira, 1960) – Juca Chaves
Filho de um judeu austríaco com uma judia lituana, Juca Chaves se formou em música erudita e começou a compor ainda na infância. Suas trovas e modinhas logo fizeram sucesso nas décadas de 1950 e 1960, em que ele conciliava um estilo bem-humorado com melodias suaves. Em 1960, lançou o seu primeiro LP, “As Duas Faces de Juca Chaves”, já que, além de músico, ele também ficou conhecido como humorista. Entre seus maiores sucessos estão “Presidente Bossa Nova”, homenagem a Juscelino Kubitschek, e “Nasal Sensual”, uma sátira de Juca com a própria aparência, que, com muita graça, cita o Rei do Futebol, destaque do Brasil na campanha do primeiro título mundial, em 1958, na Suécia. “E que ele é maior ainda que o Pelé…”, diz Juca.

“Rei Pelé” (chachachá, 1961) – Wilson Batista, Luiz Wanderley e Jorge de Castro
Pelé sequer tinha vencido a sua segunda Copa do Mundo, quando, em 1961, um chachachá de Wilson Batista, Luiz Wanderley e Jorge de Castro veio em sua homenagem, algo que já dava pistas do espanto que ele causava ao praticar a arte do futebol com as camisas do Santos e do Brasil. Ali, ele já havia sido coroado rei. Lançada por Luiz Wanderley, “Rei Pelé” ganhou uma regravação do Coro do Clube do Guri dois anos depois. A letra, ingênua, exalta as qualidades do homenageado, e rima “Pelé” com “café”. Outro destaque fica para o fato de, apesar de o Santos ser de São Paulo, ter se habituado a realizar jogos no Maracanã, no Rio de Janeiro, o que não dava maiores chances aos adversários.

“Pelé” (baião, 1962) – Gordurinha
O grande destaque da Seleção Brasileira na conquista do bicampeonato da Copa do Mundo, em 1962, no Chile, em uma final contra a Tchecoslováquia, foi Garrincha, depois que Pelé, contundido, não pôde participar dos jogos decisivos. Aliás, Pelé e Garrincha jamais foram derrotados jogando juntos. Apesar disso, o nome do camisa 10 já era unanimidade e tornou-se adjetivo. Prova é a cantiga “Pelé dos Pobres”, lançada naquele ano pela dupla sertaneja Craveiro & Cravinho, assim como “Pelé”, baião de Gordurinha gravado por Paulo Tito. “Minha vizinha nunca foi Pelé/ Mas fica dando bola pra mim/ Ela finge que está estendendo roupa/ Fica sempre dando sopa/ E o negócio tá ruim”, narra a letra.

“Marcha do Pelé” (marcha, 1962) – Paulo Borges e Madalena Correia
Quando anunciou a sua aposentadoria da Seleção Brasileira em 1971, após conquistar o tricampeonato mundial, Pelé desagradou ao regime militar, que considerou a decisão um ato de indisciplina. Naquela época, mais do que tudo interessava ao regime militar confundir a seleção com o regime e o regime com o próprio país, como se quem estivesse contra o regime estivesse, consequentemente, contra o país, valendo o mesmo para a seleção desportiva. Mas Pelé não voltou atrás, mesmo pressionado pelo general Médici. Em 1966, após o fracasso do Brasil na Inglaterra, ele já pensava em deixar a Seleção. Consagrado, não teve dúvidas. Em 1962, Pelé era exaltado como o maior na “Marcha do Pelé”, de Paulo Borges e Madalena Correia, na voz de Carlos Augusto.

“Morenguera Contra 007” (samba de breque, 1965) – Miguel Gustavo
Miguel Gustavo se tornou especialista nos sambas de breque levados ao sucesso popular por Moreira da Silva, tanto que criou para o intérprete a personagem Morenguera, uma espécie de persona heroica. Em “Morenguera Contra 007”, lançado em 1965 e repisado com sucesso em 1968, ele se supera e junta, de uma só tacada, Chacrinha, Cláudia Cardinale – na época a maior estrela do cinema italiano, símbolo de beleza e sensualidade –, James Bond e, não menos importante, Edson Arantes do Nascimento, o popular Pelé, já bicampeão do mundo com a Seleção Brasileira de futebol. A trama envolve “sexo e violência no mais espetacular filme de espionagem”, segundo a própria abertura da música. E, lá pelas tantas, sai um gol do Brasil marcado por… Pelé!

“Comunicação” (MPB, 1970) – Edson Alencar e Hélio Matheus
Não é preciso muito para compreender que Elis Regina (1945-1982) é a maior cantora brasileira de todos os tempos: basta ouvi-la. Nascida em Porto Alegre, a gaúcha morreu aos 36 anos, vítima de uma overdose de álcool e cocaína. O disco “Tom & Elis”, de 1974, é considerado pelo crítico musical Hugo Sukman como “uma homenagem da nossa maior cantora ao nosso maior compositor”. Em 1970, Elis deu voz a “Comunicação”, música de Edson Alencar e Hélio Matheus que aborda o domínio da publicidade, propagado pela TV, na cultura brasileira. No início da faixa, Elis menciona um dos bordões de Chacrinha e, em outro verso, faz uma referência ao maior astro do nosso futebol, outro produto de massa. “Ligo o aparelho vejo o Rei Pelé/ Vamos então repetir o gol”.

“Rei Pelé, Rei Luiz” (baião, 1971) – Durval Vieira e Reginaldo Santos
Jair Rodrigues colocou de cabeça pra baixo e jogou para cima a música brasileira como no movimento das mãos que embalam o rap. Uma invenção tão faceira quanto sua mania de plantar bananeira em pleno palco, ou onde quer que fosse chamado para se apresentar. O “Cachorrão”, como era conhecido pelos mais íntimos, emendou uma coleção de sucessos atrás do outro, desde o princípio da carreira. Em 1971, deu voz a “Rei Pelé, Rei Luiz”, baião de Durval Vieira e Reginaldo Santos que tecia comparações elogiosas entre Pelé, tricampeão mundial com a Seleção Brasileira, e Luiz Gonzaga, entronizado “Rei do Baião” com seus sucessos na música brasileira. A música ainda mereceu uma versão de Joci Batista, no LP “Fofoca de Artista”, em 1972.

“Obrigado, Pelé” (samba de gafieira, 1971) – Miguel Gustavo
A conquista do tricampeonato mundial em 1970, no México, com direito a uma goleada por 4 a 1 na poderosa Itália no jogo final, foi um acontecimento. Aquele escrete canarinho seria considerado por muitos o melhor de todos os tempos e, claro, Pelé era sua grande estrela. Com a sensação do dever cumprido, Pelé anunciou a sua aposentadoria da Seleção Brasileira em 1971, após três títulos mundiais, 92 jogos oficiais e 77 gols. Para agradecer todos os serviços prestados pelo Rei, Miguel Gustavo compôs o animado samba de gafieira “Obrigado, Pelé”, lançado pelo conjunto MPB-4 e, mais tarde, regravado por Wilson Simonal que, aliás, frequentava a concentração brasileira e se tornou um amigo íntimo de Pelé.

“Meio-de-campo” (MPB, 1973) – Gilberto Gil
Gilberto Gil homenageia o jogador Afonsinho, habilidoso meia do Fluminense que tinha uma postura combativa contra a ditadura militar, na música “Meio-de-campo”, de 1973. Voltando do exílio em Londres imposto pelos militares, Gil mistura, com a habitual inteligência, versos que fazem referência tanto ao esporte quanto ao conturbado momento político da época, além de tecer reflexões existenciais. Lançada com sucesso por Elis Regina no álbum “Elis”, a música faz referência a outros ídolos dos gramados, como o Rei Pelé, atacante do Santos; e Tostão, do Cruzeiro; dois importantes nomes na conquista, pela Seleção Brasileira, do Tricampeonato Mundial no México três anos antes, em 70.

“O Rei Pelé” (rojão, 1974) – Jackson do Pandeiro e Sebastião Batista
No ano de 1974, já fora da Seleção Brasileira, Pelé realizou os seus últimos jogos com a camisa do Santos, que defendeu com galhardia e habilidade. Ao todo, foram 1.116 jogos e 1.091 gols vestindo o manto do Peixe, sem contar as cinco conquistas consecutivas de Taça Brasil, de 1961 a 1965, só interrompidas pelo Cruzeiro de Tostão que, em 1966, aplicou uma goleada de 6 a 2 no time da Vila Belmiro e ficou com o caneco. Para completar, Pelé levantou com o Santos duas Libertadores da América, em 1962 e 1963. O currículo era mais do que suficiente para que Jackson do Pandeiro, torcedor do Treze da Paraíba, prestasse as reverências com o rojão “O Rei Pelé”, a parceria com Sebastião Batista de 1974.

“Two Naira Fifty Kobo” (MPB, 1977) – Caetano Veloso
Ainda sob o ritmo e a respiração da Tropicália, Caetano Veloso compôs, em 1977, para seu álbum “Bicho”, uma canção mais próxima ao modelo clássico brasileiro. “Gente”, com seu estilo charmoso e dançante, conclama à solidariedade, faz uma ode à beleza humana, e presta homenagem a pessoas admiradas pelo autor, citadas nominalmente: “Marina, Bethânia, Dolores, Renata, Leilinha (…); Rodrigo, Roberto, Moreno, Francisco, Gilberto, João”. Também em “Two Naira Fifty Kobo”, do mesmo disco, ele cita e homenageia Pelé, prestando toda sua reverência ao Rei do Futebol. “No meu coração da mata gritou Pelé, Pelé/ Faz força com o pé na África/ O certo é ser gente linda”.

“Love, Love, Love” (balada, 1978) – Caetano Veloso
Pelé pendurou as chuteiras em 1977, após uma passagem pelo Cosmos, de Nova York, nos Estados Unidos, que rendeu 106 partidas e 64 gols, e que ajudaram na conquista da liga norte-americana de futebol daquele ano. No ano seguinte, Caetano Veloso gravou no disco “Muito (Dentro da Estrela Azulada)”, a balada “Love, Love, Love”. Atento, o baiano reproduzia no título as palavras do Rei em sua despedida dos gramados: “Eu espero a visão que comove/ Pelé disse: Love, Love, Love”. As palavras de Pelé também ficaram gravadas quando, em 1969, numa cobrança de pênalti contra o Vasco, ele anotou o milésimo gol de sua carreira, e o dedicou às crianças: “Olha o Natal das crianças”, apelou ele.

“Pivete” (MPB, 1978) – Chico Buarque e Francis Hime
Da prolífica parceria entre Chico Buarque e Francis Hime, nasceu o samba de temática social “Pivete”, arregimentado instrumentalmente com todas as possibilidades da MPB. A música foi lançada por Chico Buarque em 1978, no disco que trazia apenas o seu nome na capa. Chico e Francis captam, com sua ótica sensível, a triste situação das crianças de ruas provocada pela imensa desigualdade social que formou o Brasil, e que insistia em permanecer como uma ferida aberta nos “anos de chumbo” da ditadura militar, a despeito do discurso oficial que festejava o tal “Milagre Econômico” para poucos. “No sinal fechado ele vende chiclete/ Capricha na flanela e se chama Pelé”, denunciam.

“E Por Falar no Rei Pelé?!” (MPB, 1978) – Gonzaguinha
No ano de 1975, Gonzaguinha se esquiva das garras da censura imposta no Brasil em razão da ditadura militar, com um samba irônico e divertido, cuja sinuosidade da letra é acompanhada de perto pelo ritmo. “Geraldinos e Arquibaldos” traz ainda uma homenagem às pessoas humildes que frequentam os estádios nos lugares mais simples, a “geral” e a arquibancada, além de lançar mão de expressões típicas do esporte mais popular do país, como “cama de gato”, e outros ditos populares, como “angu que tem caroço”. Gonzaguinha mantém afiado esse espírito crítico em “E Por Falar no Rei Pelé?”, cujo título se insere na narrativa como preparatório para a resposta que vem a seguir. Desta forma, a letra, no caso, não chega a citar o Rei do Futebol.

“Tempo Bom Faz Tempo” (samba, 1980) – Bidi
Em 1980, Antônio Carlos Gomes, o famoso Mussum, lançou um disco-solo em que se destacaram faixas como “A Vizinha (Pega Ela Peru)” e “Tempo Bom Faz Tempo”. Este segundo trata-se de um samba do compositor Bidi, onde desfilam mazelas da sociedade brasileira que mantém sua atualidade, entre a crítica e galhofa, por exemplo, fazendo referência a problemas como inflação, preço da gasolina, dos alimentos e até de especiarias como chuchu com camarão, algo a que Carmen Miranda já se referia na década de 1930. Lá pelas tantas, Mussum ainda cita o eterno Rei do Futebol. “Um Pelé pra Seleção/ Faz tempo/ (…) O meu time campeão/ Faz tempo”, brinca o sambista.

“Amanticida” (vanguarda, 1981) – Itamar Assumpção e Marta Rosa Amoroso
A atmosfera cinza e poluída da cidade de São Paulo foi o ambiente que influiu decisivamente na estética proposta pela chamada Vanguarda Paulista, surgida em meio aos anos 1980 que consagravam o colorido das bandas de rock nacionais. Numa linguagem que misturava quadrinhos, teatro, rap e música urbana, a palavra destilada com o veneno lento das horas era uma das armas de Itamar Assumpção e sua banda Isca de Polícia. Na parceria com Marta Rosa Amoroso, de 1981, cria-se uma história assustadora: “Fera, bruxa, madrasta, amanticida/ Homem, mulher/ Amada que mata amante”. Noutro verso, Itamar lança esta: “Me dá pontapés, me dribla pra lá, parece Pelé/ No Morumbi, Maracanã, Pacaembu”. Só mesmo sendo craque como o compositor.

“Pega na Mentira” (rock, 1981) – Erasmo Carlos e Roberto Carlos
Existem muitas duplas históricas na música popular brasileira, como Tom e Vinicius, João Bosco e Aldir Blanc, Vitor Martins e Ivan Lins, Luiz Gonzaga e Humberto Martins, Cazuza e Frejat, Rita Lee e Roberto de Carvalho, mas é difícil encontrar uma tabelinha que supere o sucesso de Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Ícones da Jovem Guarda, eles estenderam o prestígio para além das fronteiras do movimento juvenil e se consagraram como dois dos principais compositores do cancioneiro nacional, sendo regravados por Nara Leão, Elis Regina, Gal Costa, Marina Lima, Adriana Calcanhotto, Marília Pêra e muitos outros. Em 1981, eles compuseram “Pega na Mentira”, lançada por Erasmo, que começa assim: “Zico tá no Vasco com Pelé”, e elenca uma série de mentiras, como: “Vi Papai Noel numa favela/ O Brasil não gosta de novela”.

“O Futebol” (samba, 1989) – Chico Buarque
Não é segredo para ninguém a paixão de Chico Buarque pelo futebol. Torcedor assumido do Fluminense, ele se permitiu até rimar futebol com rock’n’roll. Outro momento sagrado para o compositor são as peladas semanais, e, para isso, ele possui campo, time, uniforme, tudo como manda o figurino. Para expressar esse amor em ritmo não foi difícil para Chico, que resolveu fazê-lo em música de 1989, lançada no disco com seu nome. Além de referências ao universo particular do esporte, Chico não deixar de homenagear seus ídolos, e os cita nominalmente: Didi, Mané, Pelé e Canhoteiro, numa tabela que, certamente, teria um único desfecho: “Para estufar esse filó como eu sonhei/ Só se eu fosse um Rei”, canta.

“Radamés y Pele” (choro, 1994) – Tom Jobim
Primeira Big Band formada só por mulheres no Brasil, a Jazzmin’s lançou em 2020 o seu primeiro disco. Selecionadas pelo edital do Programa de Ação Cultural do Governo do Estado de São Paulo (ProAc), as instrumentistas eternizaram o repertório que se habituaram a apresentar no palco. Ao todo são dez faixas, com inéditas de Newton Carneiro, Rodrigo Morte, Gê Cortes e a própria Lis, casos de “Esperança”, “Fácil Vem”, “7×1” e “Sevilha”. Nos bônus, comparecem “Radamés y Pelé”, de Tom Jobim, com arranjos de Rodrigo Morte, e “Doralice”, de Dorival Caymmi, arranjada por Tiago Costa. “Radamés y Pelé” é nada mais nada menos do que um choro de Tom Jobim lançado em seu derradeiro álbum, que presta homenagem a Radamés Gnatalli, mestre da instrumentação nacional, e Pelé, Rei do Futebol: dois símbolos de brasilidade.

“Lourinha Bombril” (salsa, 1996) – versão de Herbert Vianna
O grupo Paralamas do Sucesso confirmou a sua apoteose com o álbum “O Passo do Lui”, que rendeu ao trio formado por Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone, discos de platina e ouro pelas milhões de cópias vendidas. Um dos destaques do álbum era a balada “Meu Erro”, inspirada no término do relacionamento de Herbert com Paula Toller, vocalista do Kid Abelha. Em 1989, quando lançou uma versão lenta para “Meu Erro”, no álbum “Estrebucha Baby”, Zizi Possi recebeu um elogio de Tim Maia: “Nem o Herbert sabia que a canção que ele fez era tão bonita”, disse. Já em 1996, outro sucesso, com a versão de Herbert Vianna para a salsa “Lourinha Bombril”, de Diego Blanco e Bahiano, que reproduzia preconceitos hoje intoleráveis. Em determinado momento da letra, há uma citação ao Rei do Futebol: “A americana se encantou com Pelé”.

“O Nome do Rei É Pelé” (samba rock, 2004) – Jorge Ben Jor
Aficionado por futebol, Jorge Ben Jor deixou a paixão explícita em composições que saúdam o Flamengo, seu time de coração. A torcida pela Seleção Brasileira não fica de lado e, em 2004, ele saudou, com todas as honras, o maior jogador de todos os tempos, com o samba rock “O Nome do Rei é Pelé”. A letra é um verdadeiro compêndio da obra que o Atleta do Século escreveu com os pés, e remonta, inclusive, ao pai e à mãe do craque, Dondinho e Celeste. “Com a realeza de fazer 1.281 gols lindos/ De cabeça, de virada, de balãozinho, de bate pronto, de bicicleta, de carrinho, de letra, de peito, de peixinho, de falta, de pênalti e nos incríveis gols de placa/ E no bendito milésimo gol”, entoa Jorge Ben Jor.

“Pelé” (música infantil, 2018) – Paulo Tatit e Zé Tatit
Para as crianças que não puderam ver o Rei do Futebol de perto e que ainda não tiveram acesso às imagens que revelam a grandeza do jogador em campo, os irmãos Paulo Tatit e Zé Tatit compuseram “Pelé”, música infantil incluída no álbum de 2018 do duo Palavra Cantada, formado por Paulo e Sandra Peres. “Você aí que diz que sabe tudo de bola/ Que é craque até em jogo de botão/ O que eu vou te contar/ Não se aprende na escola/ São coisas de uma outra dimensão”, introduz a letra, que continua: “Era um moleque negro/ Que brilhava nos campos/ Tão pobres lá de Três Corações/ Foi contratado pra jogar no time do Santos/ E convocado pra Seleção”. A faixa ganhou um belíssimo videoclipe.

“O Homem dos Três Corações” (samba, 2020) – Altay Veloso e Paulo César Feital
“O samba é um passaporte, a nossa principal carteira de identidade, assim como o futebol”, compara Alcione. Flamenguista e torcedora devota da Seleção Brasileira, ela presta reverência ao Rei do Futebol e Atleta do Século, nascido no interior das Minas Gerais, em “O Homem dos Três Corações”, de Altay Veloso e Paulo César Feital, que combina versos com a agilidade de uma troca de passes: “Um drible da vaca na dor da ilusão, no revés/ Os deuses ao verem Arantes improvisar/ Assim como fazem artistas de jazz/ E rompem as regras que nem Holiday no piano-bar/ Perguntaram quem é esse homem de três corações a dançar?”. A música foi lançada em seu mais recente álbum, “Tijolo por Tijolo”.

*Bônus
“Tabelinha” (samba e samba-canção, 1969) – Pelé & Elis Regina

Em 1969, a gravadora Philips teve uma ideia de ouro: juntar o maior jogador de futebol à melhor cantora do país. Assim nasceu a “Tabelinha Pelé x Elis”, um EP que trazia duas composições assinadas por Edson Arantes do Nascimento, o Rei do Futebol. A primeira era “Perdão, Não Tem”, um samba-canção dolente. Durante a interpretação, Elis cutuca o Rei: “Eu acho que quando você fez essa música, foi com dor-de-cotovelo”. “Agora, depois de tanto tempo/ Quer partir, sem dizer qual a razão”, diz a letra. Menos inspirada, a faixa “Vexamão” é quase um diálogo, em que Pelé justifica uma falta de habilidade que nunca se observou dentro de campo: “Outro dia me pegaram de surpresa/ (…) E fizeram eu cantar”.

Matéria publicada originalmente no portal da Rádio Itatiaia, em 2021.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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