Celso Adolfo revela a história por trás da romântica canção ‘Nós Dois’

*por Raphael Vidigal Aroeira

“E nós que nem sabemos quanto nos queremos
Que nem sabemos tudo que queremos
Como é difícil o desejo de amar” Celso Adolfo

Cássio e Dorinha poderiam ter sido muito felizes, se ela não tivesse dado ouvido às amigas. “Você foi o amor da minha vida, pena que você nunca acreditou em mim. Eu nunca te esqueci, você ainda mora aqui no cantinho do meu coração, e ele está arrumadinho pra você”, promete o ouvinte, que pede ao locutor que toque a música em homenagem à namorada que ele teve há muitos anos, e que ainda mora no Rio de Janeiro.

Ele espera que, mesmo à distância, ela esteja ouvindo “Nós Dois”, de Celso Adolfo. “E nós que nem sabemos quanto nos queremos/ Que nem sabemos tudo que queremos/ Como é difícil o desejo de amar/ Você que nunca soube quanto eu quis…”, diz a letra.

Criação. No dia 18 de fevereiro de 1982, Celso Adolfo estava na varanda do 13º andar do edifício Panorama, na Avenida Afonso Pena, onde morava. Eram quase seis horas, à tardinha, e a lua estava “só aquele fiapinho no céu e o planeta Vênus do lado”, relembra. “Essa visão tão linda de uma coisa tão bonita assim no céu me causou uma explosão de emoções e me bateu essa música em torno dessas coisas do amor. Quando o amor começa, quando termina, enquanto ele dura…”. A melodia chegou junto com um verso: “Eu na janela olhando a lua, perguntando a lua/ Onde você foi amar?”.

Em êxtase, Celso Adolfo pulou da varanda pro quarto, pegou o violão e terminou a música. “Quando cheguei ao fim, pensei: ‘bom, agora tenho que achar o começo, né?’. E eu achei o começo instantaneamente, porque acredito plenamente nesse instante da inspiração! Tem o momento que as coisas aparecem e, com a devida sorte, te escolhem pra poder revela-las. Aconteceu isso comigo”, constata o compositor.

“Quando achei o início da música, achei o acompanhamento do violão, tudo certo”. Celso Adolfo supõe ter gastado uns 40 minutos, “pra tudo ficar pronto”. “Nem pensei no tempo que gastei, mas foi muito rápido”. Instantânea, a música se tornou eterna, e ganhou uma regravação do conterrâneo Tadeu Franco, mineiro como ele – porém de Itaobim, enquanto Celso nasceu em São Domingos do Prata. “Amo cantar essa música. Canto e toco exatamente do jeito que a compus, no dia 18 de fevereiro de 1982”, garante Celso Adolfo.

Trajetória. Celso Adolfo nasceu em São Domingos do Prata, interior de Minas Gerais, no dia 9 de setembro de 1952. Cantor e compositor, ele começou a carreira em 1983, quando lançou o disco “Coração Brasileiro”, produzido por Milton Nascimento. Da lavra de Celso Adolfo, há outras canções de destaque, como “Nós Dois”, que mereceu inúmeras regravações, entre elas a de Tadeu Franco. “Brasil, Nome de Vegetal” contou com a participação especial de Milton. Entre os discos de Celso Adolfo, há também títulos como “Anjo Torto”, “Festa do Padroeiro” e “Paixão Atleticana”. Ele ainda tem parcerias com Juarez Moreira e Yuri Popoff.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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