Patrícia Ahmaral resgata música de Torquato Neto eternizada por Gal

*por Raphael Vidigal

“Leve um homem e um boi ao matadouro. O que berrar mais na hora do perigo é o homem, nem que seja o boi” Torquato Neto

Os cabelos desgrenhados e o nariz protuberante são a face visível de um sujeito magro, pouco dado ao sol, branco como uma vela, de casaco preto, mas o que escapa dessa imagem aparentemente gótica é o olhar safo, cheio de sarcasmo de Torquato Neto, na foto em que ele troca olhares com Scarlet Moon de Chevalier, para cena do filme “Nosferatu” ou “Terror da Vermelha”, não se sabe ao certo.

Talvez até seja de “Adão e Eva do Paraíso ao Consumo”. Tudo já foi dito sobre Torquato Neto, poeta piauiense que suicidou em 1972, um dia depois de seu aniversário de 28 anos, há meio século. E tudo também foi dito por Torquato Neto, um poeta que arriscava explodir linguagens. Na entrevista a seguir, a cantora mineira Patrícia Ahmaral, com larga trajetória no universo da música independente, fala sobre o segundo volume do álbum em que homenageia Torquato Neto, “A Coisa Mais Linda Que Existe”.

1 – Gostaria que você começasse falando sobre a canção que dá título a esse segundo volume, parceria do Torquato com o Gil, que teve uma gravação antológica da Gal Costa, em 1969.
Essa música fazia parte do roteiro do show “TorquaTotal”, que apresentei no final dos anos 1990, ainda em início de carreira e que, de certa forma, é a semente que se desdobra nesse projeto do songbook, mais de 20 anos depois. Então, eu preservava uma memória afetiva, tanto da gravação de Gal, a que mais me marcou, quanto do prazer em cantá-la, por ser uma canção cativante, e desejava trazê-la para o álbum, assim como outras que vieram, derivadas daquele show. Junto à linda melodia do Gil, Torquato faz caber, numa canção de amor, um “tudo ao mesmo tempo agora”: o amor e o comício, a ternura e a noite escura, a alegria e o perigo, o apartamento e o jornal, o pensamento, a navalha, “a sorte que o vento espalha”. Ele finaliza dizendo “eu quero tudo contigo/ com você perto de mim…”.

2 – O que mais te fascina nessa canção e, em especial, na letra do Torquato?
Como toda a obra dele, é uma letra explícita, confessional, de uma carga humana, existencial, que é muito a sua marca. Só que embalada em canção de amor. Quando cantei essa música pela primeira vez, lembro o impacto, das muitas camadas do discurso, os contrastes, a intensidade, a doçura. É muito “Torquato”, vida e obra indissociáveis, o tempo presente, o território, o aqui-agora. Nesse segundo volume, dedicado às canções de amor, acho que ela cumpre um papel muito revelador e acabou dando nome ao álbum.

3 – Como foi encarar uma canção que ficou famosa na versão da Gal e tem também uma versão do próprio Gil?
Esse foi um desafio que atravessou todo o projeto, porque muitas das músicas que compõem o songbook foram lançadas anteriormente em gravações antológicas de grandes nomes, várias delas “vestidas” nos arranjos extraordinários de Rogério Duprat. A gente teria que mexer nesse baú com delicadeza, reverência, mas, ao mesmo tempo, sem me privar do diálogo que eu mesma desejava fazer, como cantora, com o cancioneiro do Torquato. Foi Zeca Baleiro, compositor que colaborou imensamente como diretor artístico no projeto, quem sugeriu que o arranjo fosse inspirado na atmosfera de um blues no estilo tradicional New Orleans. O Rogério Delayon, um dos produtores musicais do álbum, logo compreendeu a ideia e criou um arranjo muito interessante, aliando a referência original da Gal à sugestão do Zeca (Baleiro) e acho que, de alguma forma, isso nos permitiu renovar uma vez mais os sentidos dessa obra. Na interpretação, me deixei levar pela atmosfera musical, mas sempre guiada pelos versos, cheios de contrastes. É uma das interpretações mais “soltas” que faço no disco, em que me permiti mais liberdade na forma de cantar.

4 – Como se deu a escolha do repertório que compõe esses dois álbuns?
Como intérprete, eu já tinha uma intimidade com parte desse repertório, por conta do show “TorquaTotal”, que cheguei a reapresentar algumas vezes. Antes de definir o que iria gravar no álbum, mergulhei num trabalho grande de pesquisa, para identificar o que havia na totalidade do cancioneiro do Torquato e que eu poderia ainda desconhecer. Descobri parcerias curiosas dele, como a com Paulo Diniz, em “Um dia desses eu me caso com você”, letra que, em outra versão, ganhou também uma composição de Adriana Calcanhotto e outra do mineiro Oneives. Cheguei também em parcerias dele com Geraldo Azevedo, Nonato Buzar, Rogério Skylab, Chico César, João Bosco, Roberto Menescal, Joyce Moreno, enfim… Muitas coisas surgiram, que eu desconhecia. Não era possível gravar tudo, claro. Mas vi que existe um cancioneiro dele para além do que imaginava. E uma obra “musical” que continua em construção, em constantes parcerias póstumas.

5 – E como foi chegar às canções que, enfim, compuseram o songbook?
Para a seleção, eu tinha uma espécie de “núcleo duro” em mente, canções que já me eram caras, que eu já havia experimentado na voz, por conta do show, e que eram músicas que eu queria “dizer”, por identificação, por beleza, também por serem muito simbólicas da minha percepção sobre Torquato, do que me inquieta no contato com ele e do que me instiga como cantora nesse cancioneiro, como “Geleia Geral”, “Marginália II”, “A Coisa Mais Linda Que Existe”, “Let’s Play That”, “Mamãe Coragem”, entre outras. Junto a isso, senti também o que “caberia” em minha voz, em termos estéticos, estilísticos, e onde de fato faria sentido eu tentar acrescentar minha interpretação. Zeca Baleiro foi fundamental para ajudar a trazer uma borda final, mais pragmática. Por exemplo, selecionando o que era naturalmente mais forte em termos musicais ou o que não precisaria estar na lista, por já ter alguma outra que era representativa de um mesmo universo poético ou musical ou autoral, no caso das parcerias. Nesse processo, abri mão de algumas escolhas e ele apontou outras.

6 – Por que você decidiu dividir esse tributo ao Torquato em dois volumes?
Isso teve a ver com uma questão afetiva e também artística. Artística, porque, num dado momento, eu comecei a perceber que havia um conjunto de canções lírico-amorosas com letras do Torquato, muito belo e singular, por conta da poética, que põe foco no amor romântico de maneira única, e também por conta das parcerias musicais muito ricas e diversificadas, como em toda sua obra “musical”. Percebi que esse conjunto existia e que era matéria fina a ser revelada. Depois de assistir ao documentário sobre Torquato Neto, “Todas as Horas do Fim” (2018), de Eduardo Ades e Marcus Fernando, que perdi no cinema e só pude assistir no streaming tempos depois, e exatamente quando começávamos a levantar o álbum, me ocorreu fazer esse recorte. Embora eu já tivesse lido sua biografia e soubesse de sua história, após o filme, de abordagem muito delicada e poética, eu quis “abraçar” aquela figura intrigante, extraordinária, mas que parecia não caber em si mesmo. A maneira que encontrei foi remeter Torquato ao amor que ele mesmo cunhou. E pensei em dividir o álbum para fazer um recorte dedicado às canções com suas letras de amor, o que poderia ser também um certo contraponto à figura cristalizada que temos em torno dele, pessoalmente muito combativo, inconformista, atormentado, tudo isso regado ao mito do poeta suicida.

7 – Pensa em gravar novos volumes dedicados à obra do Torquato?
Existiria sim material para um terceiro e um quarto volumes, mas não penso em fazer por achar que já foi um mergulho extenso e intenso, como exercício artístico. Outras pessoas podem trazer outros olhares para esse cancioneiro, que é vasto. Mas penso em lançar versões “deluxe” desses dois volumes para incluir duas ou três faixas que tiveram que ficar de fora e que eu gostaria muito de ter gravado.

8 – Como foi que Torquato entrou em sua vida?
No final dos anos 1990, ainda em início de carreira, recebi um convite dos poetas Marcelo Dolabela (1957-2020) e Ricardo Aleixo pra apresentar, durante a Primeira Bienal Internacional de Poesia de Belo Horizonte, o show “TorquaTotal”, espetáculo idealizado por eles e que teve também a direção artística do produtor Pedrinho Alves Madeira. Junto com os músicos que me ajudavam a construir meu trabalho à época, cantei então parcerias de Torquato com Gil, Macalé, Caetano, Edu Lobo, Sérgio Britto, enfim, um repertório incrível. Então, foi através das canções que Torquato chegou forte pra mim e foi um impacto. Eu realmente me identifiquei, me senti muito bem cantando aquelas músicas extraordinárias compostas sobre suas letras. Depois daquele show, ao longo dos anos, redigi vários projetos para editais culturais, tanto na intenção de circular com o “TorquaTotal”, quanto de gravar um álbum tributo. Fui contemplada somente mais recentemente, através da Lei Aldir Blanc, o que me permitiu gravar grande parte do disco, que finalizei com uma campanha de financiamento coletivo. A cada vez que elaborava um projeto, para reescrever as propostas, eu retomava as pesquisas e a interlocução com pessoas que sabiam sobre ele, e fui desenvolvendo uma proximidade um pouco maior com Torquato e também uma grande paixão por ele.

9 – Na sua opinião, qual a característica mais marcante da obra de Torquato?
Não saberia destacar uma característica específica em seu legado, porque Torquato é muita coisa junto e tudo nele é chocante. É instigante a postura radicalmente revolucionária em tudo o que fez, e também a disposição para se lançar em várias frentes artísticas de vanguarda. É inspirador. Na poesia, nas letras das canções, na postura crítica às coisas pré-estabelecidas, nos posicionamentos combativos e muito seguros. Numa precocidade absurda, tinha vinte e poucos anos, demonstrava uma capacidade de visão das coisas, do mundo, do país, de nossas potencialidades e contradições. Gosto muito de reler as colunas culturais que ele manteve em jornais fluminenses, a mais famosa e revolucionária, “Geleia Geral”, que publicou entre o final de 1971 e início de 1972, no “Última Hora”. Num estilo totalmente novo de linguagem, ele escreve uma crônica impressionante daquele momento em que as artes nacionais se modernizavam. Acho que é uma leitura obrigatória, tanto como literatura, quanto para a gente compreender como é que chegamos aqui.

10 – O que você acha que a obra de Torquato tem a dizer de mais forte para os dias atuais?
Torquato é um artista que, embora tenha deixado uma obra super breve e totalmente fragmentada, só aos poucos sendo reunida e publicada após sua passagem, com seus poemas, cartas, roteiros, letras de canções, diários e colunas jornalísticas, ainda provoca, instiga, inquieta, especialmente a juventude, mesmo depois de sua morte há 50 anos. É uma figura forte, atual e, no meu ponto de vista, necessária, porque a realidade que ele desejava transformar como vanguardista e visionário que foi, ainda permanece e talvez com desafios ainda mais aprofundados ante ao neoliberalismo, “zumbiniando” cada vez mais nossos modos de existência. É um alento que um nome como o dele, comprometido radicalmente com os campos da liberdade, da invenção e da transgressão, penetre e inunde hoje a nossa subjetividade, que anda tão desnutrida. A gente sente uma força grande quando entra em contato com o Torquato, sua poética rascante e super moderna, suas palavras urgentes, embora nunca panfletárias. Ele escreveu muitas vezes e de várias formas que era preciso “aproveitar as brechas”, “ocupar os espaços”, “estar presente”.

11 – Qual foi o papel de Torquato em sua própria geração, nos anos 1960 e 1970?
Lembrando que aquela geração, ele como uma das figuras mais combativas, viveu o “desbunde” que revolucionou nossa cultura, sob o pior momento da repressão militar. Por outro lado, ele era muito apaixonado pelo artista brasileiro, pela arte e vislumbrava, também junto àquela geração atuante nos anos 1960 e início dos 1970, o país de ponta que poderíamos ser, especialmente a partir de nosso caldo cultural genuíno e complexo. Então, eu tenho um sentimento, mas isso é muito pessoal, de que o encontro com o Torquato nos remete ao DNA de uma certa síntese sobre nós mesmos, uma síntese que ainda buscamos como nação cultural. O que podemos ser, através de nossas potencialidades, ainda em contraste com essa eterna sombra de conservadorismo, agudizada agora por uma elite econômica cada vez mais obtusa intelectualmente falando e capturada pelo financismo e os ideais de consumo, aprofundando as desigualdades. Acho que a força do Torquato nos dias de hoje é o próprio contato com ele, sua vida-obra, a visão dessa pessoa-artista nas trincheiras da radicalidade, comprometido com a urgência da vida, da transformação, e que tanto pode nos inspirar.

12 – Que aspectos são fundamentais no seu trabalho como intérprete?
Acho que o que me move como cantora, naturalmente, é um desejo de me expressar através desse lugar da interpretação. E o que me guia nesse trabalho como intérprete é a escolha de canções que me ajudem a concretizar esse desejo expressivo, através de repertórios que reverberem internamente, que me instiguem pessoalmente. Então, muitas vezes tem a ver com a letra ou com a carga de sentidos que vem junto da música. Eu ouço e já me imagino cantando, me soltando no palco, o corpo se expressando junto. Normalmente é assim. Em outras vezes, tem a ver com a possibilidade de interferir numa obra, com uma nova leitura.

13 – Quais cantoras mais influenciaram seu trabalho?
Normalmente são as que trazem uma atitude mais radical, seja pelo repertório ou pelo modo muito visceral ou pessoal como se lançam na interpretação, como Titane, Rita Benedito e Ná Ozzetti, citando algumas de gerações mais próximas à minha e que são referências importantes para mim. Mas a música brasileira é plena de vozes arrebatadoras que precisam ser reverenciadas. Na infância e adolescência, ouvi no rádio e na vitrola de casa a música brasileira dos anos 1970, uma profusão de cantoras e cantores, de vários universos estéticos, e acho que essa escuta teve um caráter muito formativo para mim. Gal, com certeza, foi bem forte como referência, mas sinto que aquela profusão foi também determinante. Mais recentemente, conheci a Silvia Pérez Cruz, cantora e compositora catalã, que foi um impacto grande e que me trouxe uma perspectiva nova no que se refere à interpretação, à liberdade criativa na relação da voz com o repertório.

14 – Qual a importância do novo e da vanguarda na sua vida e na sua obra?
Gosto da experimentação, de cantar coisas inéditas, desconhecidas, sinto facilidade em fazer isso, mas também gosto igualmente do desafio de dialogar com canções consagradas e buscar novos sentidos para elas, desde que façam sentido pra mim. Precisa ser sempre um movimento interno e verdadeiro, um desejo de expressão. O barato de cantar é interpretar, trazer o olhar pessoal para aquela obra. Tem uma herança que a gente recebeu da Tropicália, que é essa liberdade pra antropofagizar as coisas mais diversas e alinhá-las naturalmente. Gosto muito disso, que tá presente um pouco no meu trabalho. Tenho uma certa inquietação no que se refere ao repertório. Mas não faço isso a partir de um lugar presunçoso de me afirmar como artista alternativa. É algo muito natural, que pratico também nas outras áreas da vida. Tenho uma curiosidade e um desejo de me arriscar e sempre acredito que tudo vai dar certo. Acho que o novo tem o papel de nos ajudar a impulsionar a vida adiante, pois nos abre as asas da liberdade para romper com o pré-estabelecido. Abre fendas. É o que rompe a bolha e nos expande. Nesse sentido, acho que Jards Macalé e Tom Zé são os grandes mestres vivos que puxaram essa escola da invenção. Também Jorge Mautner, que eu adoro. Estar em contato com esses campos me complementa e expande como artista. Na vida quotidiana, são espaços libertários, com os quais aprendo e me encorajo.

15 – De que maneira se deu o seu contato com esses artistas mais experimentais?
Bem no início da carreira, meu repertório trazia autores como Chico Buarque e Caetano Veloso, coisas que estavam ao alcance da minha escuta, mas já escolhia cantar, deles, canções mais “lado B” dos discos. Depois, conheci uma amiga, a Rossanna Decelso, também cantora e que veio a ser empresária no meio musical. Foi ela quem me apresentou muitos autores e autoras da cena independente dos anos 1990, como Edvaldo Santana, Carlos Careqa, Suely Mesquita, Maurício Pereira, também Chico César, Zeca Baleiro, ainda sem discos gravados, me mostrou as obras menos conhecidas de Sérgio Sampaio e o repertório de Walter Franco, me colocando em contato com essas autorias mais ancoradas nos territórios da invenção, da poesia e da radicalidade. Naturalmente, me identifiquei com aquilo.

16 – Como você lida com esse cenário das plataformas e das redes sociais que tendem para a dispersão, enquanto sua música requer pelo menos um pouco de concentração?
Achei curiosa sua pergunta, porque não tinha parado para pensar que a música que faço demanda um nível de concentração talvez acima do que as pessoas dispõem hoje em dia. Você tem razão. O mundo digital nos colocou num modo histérico de produção e de consumo e acho isso bem violento com a arte, mas também com a própria essência da vida. É humanamente impossível absorver todos os conteúdos das redes e, especificamente na música, absorver, com atenção devida, a enxurrada de lançamentos que buscam atender à performance de produção exigida pelas plataformas digitais para que um trabalho seja teoricamente bem distribuído pelas mesmas. E, de fato, como você afirma na pergunta, com tanto a ser visto, ouvido, criou-se um estado de dispersão, de consumo e descarte rápido e, consequentemente, de superficialidade no contato com as coisas. É um desafio. Como artista, ainda não sei como lidar com isso. Acho que agora é tentar perceber esses movimentos e observar onde o trabalho que faço encontra reverberação nesse cenário. Ir encontrando as brechas. Algumas pessoas me perguntam sobre disco físico desse trabalho, o que ainda pretendo fazer, indicando que existe sim quem ainda preze pelo ritual de ouvir um CD ou um vinil do início ao fim, na ordem imaginada pelo artista, entendê-lo como um projeto, acompanhar as letras no encarte, voltar ao início, ouvir duas, três vezes, depois parar na faixa que curtiu mais. Mas é um nicho.

Fotos: Kika Antunes/Divulgação; e Museu da Imagem e do Som/Reprodução, respectivamente.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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