“Na Paraíba um mineiro assim chegou
Usava botas carmesins e um terno azul
Sobre a cabeça o chapéu de um verde rum
No olhar cingia a esperança contra alguns” Raphael Vidigal
Quando o cavaquinista Waldir Silva (1931 – 2013) apresentou a Raphael Vidigal, 28, sua obra autoral, o jornalista logo se deteve em uma canção específica, “Paraibeiro”, composta pelo instrumentista mineiro em parceria com o músico paraibano Zé Ramalho, 67, na década de 1970, quando os dois se encontraram nos estúdios de gravação da Polygram. Ali mesmo eles compuseram a melodia, um choro instrumental que brincava com as características da música mineira e paraibana, daí o título, advindo da mistura entre um paraibano e um mineiro.
Assim que a canção chegou às suas mãos, em 2012, Raphael pensou em contar essa história levando em consideração o “estilo místico das canções de Zé Ramalho”, e compôs “a travessia de um cavaquinista mineiro que chega à Paraíba e encanta a todos com seu instrumento”, diz.
A música, com letra, foi gravada pela primeira vez em álbum lançado no final do ano passado, na interpretação da cantora mineira Luana Aires. “Waldir Silva em Letra & Música” traz 12 melodias de Silva que ganharam letras feitas por Raphael Vidigal e em parcerias com André Figueiredo. Além da banda “Toca de Tatu”, participam do disco Lígia Jacques, Mauro Zockratto, Célio Balona, Violeta Lara e o chorão Mozart Secundino (falecido em 2015 aos 92 anos), em seu último registro em estúdio, entre outros.
O álbum pode ser adquirido através do link:
https://esquinamusical.com.br/cd-waldir-silva/
Ouça a música:
Paraibeiro
Melodia: Waldir Silva e Zé Ramalho
Letra: Raphael Vidigal
Na Paraíba um mineiro assim chegou
Usava botas carmesins e um terno azul
Sobre a cabeça o chapéu de um verde rum
No olhar cingia a esperança contra alguns
Sua barriga reclamava do jejum
Obstinado ignorava o próprio som
E caminhava como se fosse nenhum
Uma alma leve, a via sacra de Jesus
Abriu a pasta e cuidadoso retirou
O objeto delicado espiou
Os curiosos o cercaram, um a um
Na Paraíba um mineiro assim chegou
E o velho cavaquinho ele desafiou
Ele desavisou
Ele descosturou
Ele reinventou
Ele não se importou
Com essa magia
Ele trouxe à geração
A nova maneira
De tocar o coração
Era fama e moda na cidade onde aportou
Mas logo à sua terra regressou
Fotos: Arquivo e Divulgação.