“Desculpa, não entendo piadas humanas.” Spock
Mussum, Seu Madruga e Che Guevara têm algo em comum. Assim como o símbolo do movimento hippie. Todos se tornaram marcas tão fortes que a indústria logo se apropriou e espalhou suas imagens em ímãs, camisas, cervejas. Outro deste clã é o Sr. Spock, personagem da série “Star Trek”, ou “Jornada nas Estrelas”. Você pode nunca ter ouvido falar dele, mas certamente entenderá se alguém lhe fizer o gesto com a mão em riste e os dedos separados, formando um V no meio. Embora não seja exatamente cômico ou revolucionário como os outros, o personagem aspirava a ambas.
Interpretado por Leonard Nimoy na televisão e no cinema, sua contribuição ao mundo do entretenimento é um pouco diversa. A semelhança é que, sustentados por uma enorme popularidade, todos se transformaram em cult, essa expressão para denominar o que era banal e tornou-se elegante. A diferença é que Spock sempre foi ídolo de uma parcela a que hoje se atribui a alcunha nerd. Mas em seu tempo de aparecimento, a década de 1960, o tema da viagem espacial cativava um público mais abrangente. Já com a franquia encerrada, o Vulcano apareceu em capítulos de “The Big Bang Theory”, “Simpsons” e “Futurama”.
É curioso notar que, como uma imagem fria, gélida, parada, Leonard, no exercício do Sr. Spock, tenha carregado para si tamanho vínculo afetivo com a plateia ao representar a racionalidade, o pensamento cerebral e lógico. É que algumas imagens se valem da força de uma palavra muito estudada mas difícil de explicar: carisma. E alguns gestos contribuem para preencher essa marca. Não é somente uma figura, embora seja impossível negar a expressividade, o rosto peculiar e marcante de Leonard. De alguma maneira nos identificamos com Seu Madruga pelas dificuldades, com Mussum pela malícia, e Che Guevara pelo sonho de juventude. Mesmo não sendo a última Coca-Cola do engradado, o intérprete do Sr. Spock nos saudou com uma “vida longa e próspera”.
Raphael Vidigal
Imagens: Leonard Nimoy caracterizado como o Sr. Spock e ao natural.