100 anos de Zé Menezes, conhecido como ‘homem dos mil instrumentos’

*por Raphael Vidigal Aroeira

“Nem a cor das dunas terríveis em Iquique,
nem o estuário do Rio Doce da Guatemala,
mudaram teu perfil conquistado no trigo,
teu estilo de uva grande, tua boca de guitarra.” Pablo Neruda

José Menezes de França, conhecido como Zé Menezes, nasceu em Jardim, interior do Ceará, na região do Cariri, no dia 6 de setembro de 1921, e morreu no dia 31 de julho de 2014, aos 92 anos. Multi-instrumentista, Zé Menezes começou a tocar aos oito anos. Segundo o crítico musical Tárik de Souza, “chamá-lo de homem dos mil instrumentos nem chega a ser exagero”.

Zé Menezes foi um prodígio do seu ofício, e, ao longo da extensa carreira, tocou com a virtuose que lhe era própria violão de sete cordas, violão tenor, bandolim, banjo, cavaquinho, viola de dez cordas, contrabaixo, guitarra portuguesa e guitarra amplificada. Resumindo, Zé Menezes dominava as cordas. Não por acaso, acompanhou Garoto, outro ás do gênero, na histórica Rádio Nacional, onde Zé Menezes foi contratado por nada menos que 25 anos. No documentário ‘Garoto: Vivo Sonhando’, de Rafael Veríssimo, Zé Menezes comparece com depoimentos emocionados. Foi a última aparição dele frente às câmeras, que faleceu pouco tempo depois.

A trajetória no Rio de Janeiro começou a convite do radialista César Ladeira, que o ouviu tocar em Fortaleza. Como compositor, a sua primeira música gravada foi “Nova Ilusão” (parceria com Luís Bittencourt), pelo conjunto Os Cariocas. “Tudo Azul”, também de sua autoria, fez sucesso com Zezé Gonzaga, enquanto o baião “Pau de Arara” alcançou êxito com Carmélia Alves. Com o grupo Velhinhos Transviados, Zé Menezes gravou 13 álbuns de estúdio.

Matéria publicada originalmente no portal da Rádio Itatiaia, em 2021.

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Raphael Vidigal

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, atua como jornalista, letrista e escritor

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